Com aumento de 30% a 60% no volume de chuvas entre janeiro e março no Estado de São Paulo, produtores de cana-de-açúcar e laranja devem elevar preços para amenizar os prejuízos. Por outro lado, o reajuste no valor dos hortifrútis chega a 5,46% em 2016 com a questão climática.
Na citricultura, os rendimentos são "os piores da história", nas palavras do diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Neto. "No final das contas, a chuva, quando em excesso, tem um impacto muito ruim na citricultura por conta do rendimento industrial, que é a quantidade de caixas de laranja para fazer suco", conta o executivo.
O rendimento industrial na Safra 2014/2015 foi de 240,5 caixas de laranja para uma tonelada de suco. Já na safra atual, para se fazer uma tonelada de suco foram necessárias 299,14 caixas de laranja.
Por outro lado, o produtor deve ter ganhos com o excesso no volume d'água, já que os contratos são baseados no rendimento, avalia a pesquisadora do Cepea Fernanda Geraldini Palmieri. "Quando chove muito no momento de crescimento, as frutas ficam com calibre maior, o que aumenta a produtividade de frutos por pé", diz.
No setor canavieiro, houve perdas de produtividade com a oscilação climática. De acordo com o presidente da Datagro, Plinio Nastari, o conteúdo de açúcar nas canas nos três primeiros meses de 2016 ficou entre 92 e 110 quilos por tonelada. Para se ter ideia, a média da safra 2015/2016 foi de 130,6 quilos por tonelada.
O número de dias perdidos também cresceu: de 43 para 51 nesta safra. Apesar dos entraves, a perspectiva para o período 2016/2017 é positiva, já que o clima deve ser mais regular no segundo semestre. "Esperamos que o rendimento de açúcares por tonelada de cana na próxima safra seja maior do que no ano passado. As chuvas no segundo semestre devem ser menos intensas, o que favorece o amadurecimento da cana-de-açúcar", diz Nastari.
Hortifrúti
O setor de hortifrútis foi um dos que mais refletiram o impacto das chuvas nos primeiros meses do ano. Em janeiro, o índice de preços da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) subiu 2,86%. Em fevereiro, a alta foi de 2,53%.
No último mês, os setores de frutas e diversos (ovos, canjica, coco seco e batata) foram os que mais pressionaram o índice, com elevação de 4,72% e 3,43%, respectivamente. Já em janeiro, os legumes, com aumento de 24,90%, e as verduras, com alta de 13,38%, foram os responsáveis pelo aumento.
Em relatório, o gerente da Ceagesp, Flávio Godas, avalia que os problemas foram agravados pelas chuvas registradas desde 2015. No entanto, esse movimento deve se inverter.
"Ao que tudo indica, os transtornos causados pelas condições climáticas deverão perder força. Assim, o aumento da oferta e melhora na qualidade deverá ser a tendência", analisa. A expectativa agora é que os preços comecem a cair.
Segundo Maria Clara Sassaki, da Somar Meteorologia, o maior impacto ocorreu nas regiões leste e norte do estado paulista. O acumulado de chuvas em janeiro foi de 300 a 350 milímetros, volume de 30 a 60% acima da média. Já em fevereiro, as chuvas foram 30% maiores em todo o estado, para 250 a 300 milímetros.
Na primeira quinzena de março, o volume das chuvas está de 50 a 100 milímetros acima da média. Com a chegada do outono e o enfraquecimento do El Niño, a previsão é de arrefecimento do clima, afirma a meteorologista.
Veículo: Jornal DCI