Em abril, energia e alimentos podem manter desaceleração dos preços

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Depois de subir 1,24% em março, os alimentos devem ter alta menos expressiva em abril, acompanhando a tendência de arrefecimento dos preços da energia, que devem cair novamente graças ao corte nacional nas tarifas.

"A tendência é que esse aumento nos preços de alimentos, algo mais sazonal, vá se dissipando nos próximos meses", disse Ricardo Balistiero, coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia.

Em março, a alta do item foi puxada principalmente pelo encarecimento das frutas, responsável por 0,1 ponto percentual (p.p.) do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que avançou 0,43% no mês.

"A questão dos alimentos está ligada a problemas climáticos. O aumento do preço do mamão, por exemplo, foi causado principalmente pela seca no Espirito Santo", explicou Irene Maria Machado, gerente de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A energia elétrica, no sentido contrário, possibilitou que o IPCA desacelerasse em março - no mês anterior, o índice marcou alta de 0,90%. A queda de 3,41% (-0,13 p.p.) registrada no item aconteceu por causa da mudança na bandeira tarifária, de vermelha para amarela.

"Depois do tarifaço do ano passado, que contaminou muito a inflação de 2015, as chuvas voltaram neste ano e as termelétricas foram desligadas. Por isso, os preços da energia caíram e devem continuar caindo", disse Balistiero.

A nova mudança na bandeira tarifária, agora de amarela para verde, deve exercer forte impacto para segurar o IPCA de abril. A alteração significa o fim da cobrança adicional na conta de luz de R$ 1,50 a cada 100 quilowatts-hora.

Também pesou para o arrefecimento dos preços a retração da demanda, causada pela fraqueza da atividade econômica no País. Segundo Machado, a diminuição do consumo brasileiro afeta "especialmente o setor de serviços". A especialista mencionou o desaquecimento dos preços de alimentação fora e passagens aéreas no mês de março.

Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, seguiu a mesma linha. "O hiato negativo do produto começou a mostrar efeitos mais nítidos nos preços dos serviços, colaborando para trazer a inflação para um patamar mais baixo".

Para Balistiero, a tendência é que a inflação continue diminuindo nos próximos meses, ainda que mudanças no cenário político possam alterar a trajetória dos preços. "Qualquer movimento pode causar aumentos ou diminuições no câmbio, o que afeta o IPCA". O professor disse acreditar que o índice deve terminar o ano um pouco acima do teto da meta do governo (6,5%).

Questionado se o recuo da inflação poderia acelerar a realização de cortes na taxa básica de juros, o entrevistado disse que a mudança deve ficar para o final do ano. "Uma alteração, agora, poderia sinalizar que o Banco Central está satisfeito com a inflação acima da meta, o que geraria impacto na taxa de cambio", afirmou.

Pressão

Por outro lado, o reajuste de 12,5% para os medicamentos, autorizado pelo governo, deve pressionar os preços neste mês. "O reajuste máximo nos medicamentos é de 12,5%, vai depender de como esses 12,5% vão ser distribuídos", ponderou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Outros itens também podem puxar os preços para cima em abril: os reajustes da taxa de água e esgoto, em Recife (10,69% a partir de 20 de março) e Curitiba (10,48% a partir de 1º de abril); a tarifa de ônibus urbano, em Porto Alegre (aumento de 15,38% em 30 de março); o táxi, em Fortaleza (alta de 11,74% em 20 de março) e em Porto Alegre (alta de 2,95% em 5 de abril); o ônibus intermunicipal, em Campo Grande (aumento de 10,36% em 15 de março); e o metrô, no Rio de Janeiro (reajuste de 10,81% em 2 de abril).

IPCA de março

O índice acumulado em doze meses voltou a ter apenas um dígito em março, depois de quatro meses acima dos 10%. No mês passado, o aumento ficou em 9,39% - em fevereiro, o IPCA chegou a 10,36%.

Além de alimentação, tiveram altas expressivas os itens saúde e cuidados pessoais (0,78%), artigos de residência (0,7%), vestuário (0,69%), educação (0,63%) e despesas pessoais (0,6%). Entretanto, com a exceção de vestuário e alimentação, os outros grupos mencionados tiveram aumentos menores em março do que os registrados no mês anterior.

Na ponta oposta da tabela, os itens comunicação e habitação marcaram queda dos preços. O primeiro teve deflação de 1,65% e o segundo, de 0,64%. Já a inflação para transportes ficou em 0,16%.

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou variação de 0,44%, em março, e ficou abaixo do resultado de 0,95% registrado em fevereiro. O INPC abrange as variações de preços para famílias que recebam até cinco salários mínimos.

 



Veículo: Jornal DCI


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