Tendência neste ano é que maior parte seja voltada para processamento de açúcar por conta dos preços.
A safra de cana-de-açúcar 2016/17, em Minas Gerais, vai totalizar 65,5 milhões de toneladas, volume 0,7% superior ao ano anterior. A tendência é que, neste ano, ao contrário de 2015, seja uma safra mais açucareira, uma vez que os preços internacionais do produto estão em alta e o real desvalorizado frente ao dólar tornou a produção ainda mais competitiva para exportação. A previsão é de recorde, com geração de 3,5 milhões de toneladas de açúcar. Os dados foram divulgados pela Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), na sexta-feira, durante o evento Abertura da Safra, em Uberaba, no Triângulo Mineiro.
De acordo com o presidente da Siamig, Mário Campos, devido às novas regras estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a safra de cana acontece entre 1º de abril e 31 de março. Com a modificação, a produção mineira de cana na safra 2015/16 foi revisada e somou 65 milhões de toneladas, crescimento de 9,59% frente ao período 2014/15.
No atual período, 2016/17, quando a previsão de esmagamento é de 65,5 milhões de toneladas de cana, cerca de 41,2% deste volume será para o açúcar. No ano anterior a parcela foi de 39,4%. O aumento fará com que o Estado produza um volume recorde de 3,5 milhões de toneladas de açúcar, alta de 7,7% quando comparado com a safra anterior. A elevação ocorrerá também pela produtividade maior das lavouras, 1%, e pela maior concentração de sacarose na cana, 3,1%. A saca de 50 quilos do produto é negociada, em média, a R$ 75, sendo o custo de produção de R$ 50.
“Na safra 2016/17 o açúcar será o grande produto. Desde meados de 2015, quando o mercado percebeu que a oferta de açúcar seria menor que a demanda, os preços internacionais do produto foram estimulados e estão em patamares lucrativos. Além disso, a desvalorização cambial também agregou competitividade ao produto e estimulou a produção, sendo que 70% são exportadas”, explicou Campos.
Com a produção adequada ao consumo, a fabricação de etanol total ficará em 3 bilhões de litros, mesmo volume gerado na safra anterior. A produção de anidro foi estimada em 1 bilhão de litros e de hidratado em 2 bilhões de litros.
“A tendência é de pequena queda no consumo de combustíveis devido à crise econômica. Por isso, o volume a ser disponibilizado será suficiente para atender à demanda, que ficará próxima a 1,8 bilhão de litros de etanol hidratado”, explicou Campos.
Etanol - Apesar da estabilidade na atual safra, a produção de etanol em Minas Gerais e demais regiões produtoras têm boas expectativas de crescimento. Isto porque o Brasil, durante a 21º Conferência Mundial sobre o Clima, realizada em dezembro de 2015, assumiu no Acordo de Paris o compromisso de ampliar significativamente a produção do biocombustível até 2030.
De acordo com Campos, para que a meta seja alcançada, vários entraves deverão ser superados.
“No acordo, o Brasil assumiu o compromisso de descarbonizar o País e uma das opções é estimular a produção de etanol. A meta seria ampliar dos atuais 30 bilhões de litros consumidos anualmente no País para 50 bilhões de litros até 2030, o que demandaria um aumento de 300 milhões de toneladas de cana em 15 anos, mantendo as atuais condições. Demoramos 500 anos para atingirmos 600 mil toneladas”.
Ainda segundo Campos, caso o governo assuma o compromisso de investir em pesquisas para melhoramento da cana e para destravar as tecnologias para a geração de etanol segunda geração, feito através do processamento da palha e do bagaço, o processo seria mais ágil.
“Apesar de a agenda estar atrasada pela indefinição política, será necessário definir as prioridades para que em 15 anos o País atenda ao acordo. Com pesquisas e a produção do etanol segunda geração será possível ampliar o rendimento de 7,2 mil litros de etanol por hectare de cana para níveis em torno de 13 mil litros por hectare de cana”, explicou Campos.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG