A máxima de que "a crise será um momento de oportunidade" deverá ser traduzida em ganhos reais para as mais de 1,6 mil redes de livrarias no País. Uma parte significativa do crescimento de 10% no faturamento de R$ 1,5 bilhão estimado para este ano virá da venda de livros voltados para a qualificação profissional e especialização que estão em alta nesse momento de crise. Diante deste cenário, players como Livraria Cultura, Livraria Nobel e Grupo Livrarias Curitiba seguirão com seus planos de expansão e sinalizam investimentos maiores em infraestrutura.
Para comportar as 14 lojas que estarão em operação nos próximos dois anos, mais a loja virtual, a Livraria Cultura, co-administrada pela família Herz e pela gestora de fundos Neo Investimentos, abrirá em São Paulo no segundo semestre um centro de distribuição que facilitará o processo logístico da companhia. Com oito unidades, a rede abrirá outras duas este ano, sendo uma delas no Shopping Iguatemi Brasília.
De acordo com Fabio Herz, diretor Comercial, a companhia faturou R$ 230 milhões no ano passado, valor 24% maior frente a 2007. "Para 2009, projetávamos incremento de 30%, porém, a venda de produtos de baixo valor agregado também foi afetada pela crise. Agora, o difícil é saber como o mercado se comportará", diz. A expectativa é fechar o trimestre com alta de 20% sobre o resultado de 2008.
O executivo, que divide o comanda do negócio com o irmão Sérgio e o pai Pedro Herz, destaca que, em tempos de crise, as pessoas investem mais na preparação profissional.
"Isso tem a ver com os itens que vendemos." Nos próximos anos, a aposta da Livraria Cultura será brigar pelas regiões Nordeste e Centro-Oeste com as concorrentes Saraiva, Nobel e a francesa Fnac.
Em relação à operação da loja eletrônica, Herz destaca que o ritmo de crescimento é mais forte que o varejo físico, com média de 30% ao mês. "Esse percentual só oscila quando abrimos uma loja. A web representou 15% do nosso faturamento em 2008", ressalta. Hoje, 76% dos produtos comercializados pela Cultura são livros.
Potencial
Entre as redes de médio porte, como o Grupo Livrarias Curitiba, a perspectiva de impulso na venda devido à procura por especialização das pessoas se repete. Detentora das bandeiras Livrarias Porto, Livrarias Catarinense e Livrarias Curitiba, a holding é formada por 16 lojas entre o Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. "O mercado exigirá um profissional mais capacitado durante a crise e essa situação está ligada com nosso segmento", afirma Marcos Pedre, diretor Comercial do grupo.
Pedre relata que este ano espera o mesmo incremento de 10% na receita, a mesma porcentagem em relação a 2008, quando foram comercializados 2,4 milhões de livros. Enquanto o orçamento para o ano é discutido pelo financeiro, os projetos que terão aportes garantidos serão o segundo centro de distribuição e a reformulação da loja virtual.
O novo espaço terá 9 mil metros quadrados, mais que o dobro do atual, também instalado em Curitiba (PR). Já a loja virtual, cuja participação no faturamento é ínfima, será repaginada com a meta de representar 10% do faturamento. "Assim, teremos musculatura para crescer expandir nossa atuação nacionalmente pela Internet", estima Prede.
Sortimento
Uma gigante do setor, a Nobel, dona de 200 filiais franqueadas no Brasil, Portugal, Espanha, México e Angola em sociedade com o private equity Bradesco Fip, apostará na ampliação do mix de produtos para ampliar sua participação no mercado. Segundo o gerente de Inteligência de Mercado, Denis Kraiser, os eletrônicos que até então são vendidos em apenas algumas lojas farão parte do sortimento de toda a rede. Em 2008, a receita bruta da empresa foi de R$ 150 milhões em 2008, e a meta é crescer 15% este ano.
O presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL) e diretor da Livraria Loyola, Vitor Tavares avalia que, apesar do crescimento de 7,4% no primeiro bimestre, a frequência de clientes diminuiu. A Loyola tem quatro lojas em São Paulo e fornece produtos no atacado para 3 mil livrarias.
Veículo: DCI