A automação - que antes da recessão era uma grande aposta do varejo - ficou em segundo plano com a crise, mas deve voltar a ganhar força no setor após a estabilização da economia. Mesmo assim, o ganho de produtividade e baixo investimento estimulam varejistas a investir em tecnologia mesmo em tempos de vacas magras.
"A crise arrefeceu essa iniciativa. Há dois anos ela estava começando a 'bombar' no varejo brasileiro. Você tinha escassez de mão de obra e o setor crescia a um nível muito alto", afirma o diretor de vendas da OKI Brasil, empresa especializada em automação, Flavio Montezuma.
Segundo ele, a situação de agora é oposta, com demissões, fechamentos e diminuição no fluxo de consumidores - fatores que acabam adiando os investimentos.
Nessa conjuntura, em geral, as empresas conseguem atender a demanda com um quadro pequeno de funcionários, o que diminui a necessidade de altos investimentos em automação, avalia a diretora vogal do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Patricia Cotti. "Quando a economia retomar, no entanto, esse segmento deve ganhar força".
A opinião dos dois especialistas é compartilhada pelo diretor executivo de outra grande empresa do ramo, a Totvs Bematech, Eros Jantsch. Ele afirma que com a recessão o poder de investimento das empresas diminuiu, o que atrasou a 'explosão' da automação no varejo nacional.
Mesmo nesse cenário, o setor não está parado e as duas empresas vêm desenvolvendo novas tecnologias, e alguns varejistas investindo nas soluções. A rede de fast-food de comida japonesa Sukiya, por exemplo, iniciou há poucos meses a instalação do software de frente de loja SIAC Restaurante, desenvolvido recentemente pela OKI Brasil.
De acordo com a gerente de um dos 12 restaurantes da empresa, Fabiana Tachibana, a implantação da solução se deu por uma necessidade de um sistema que tornasse o atendimento ao cliente mais ágil. Após poucos meses de uso, ela diz ter sentido um ganho significativo de eficiência. "A produtividade por funcionário aumentou bastante. O sistema é bem simples, e dá mais rapidez no atendimento e pagamento", afirma. Para o segmento de fast-food, em que a velocidade é um dos principais ativos, esse ganho é muito positivo, tanto para o aumento da receita por metro quadrado, quando para gerar uma maior fidelização dos consumidores.
A solução permite ainda o uso de smartphones para registrar os pedidos, com um layout simples que exibe fotos dos pratos ofertados. Após o registro, o aparelho transmite automaticamente o pedido para a cozinha. "Com poucos toques na tela você consegue finalizar todo o processo", afirma Fabiana ao DCI.
De acordo com Montezuma, da OKI Brasil, o custo base para a implantação da solução - voltada para redes de fast-food e franquias - é de R$ 5 mil por ano, por cada ponto de venda (PDV). Podendo variar de acordo com as demandas de cada rede. A Bematech possui solução semelhante, que disponibiliza softwares para o PDV e de gestão. A ferramenta é comercializada como serviço por R$ 350 mensais, por cada PDV, segundo Jantsch.
Facilidade fiscal
Outro aspecto que o sistema de automação facilita, de acordo com Fabiana, da Sukiya, é o fiscal. Ela conta que há uma agilidade muito maior nessa parte, porque a solução da OKI conecta diretamente com a Secretária da Fazenda (Sefaz). "A legislação tributária brasileira é muito complexa, porque cada Estado segue regras diferentes. Portanto, a gestão da parte fiscal é uma das mais complicadas de um software de frente de loja", completa Montezuma. Para garantir isso, o executivo conta que a empresa possui uma equipe que acompanha diariamente as mudanças nas alíquotas de cada Estado.
Outra solução de automação que poderá ser implementada nos restaurantes da rede Sukiya, são os quiosques de autoatendimento. Ainda em estudo pela empresa, os chamados self -checkouts, que também seriam desenvolvidos pela OKI Brasil, permitiriam que o cliente escolhesse e pagasse os produtos diretamente desses quiosques - com cartão de crédito e débito - sem a necessidade de passar pelo caixa.
A Bematech também trabalha com soluções de autoatendimento e, para o diretor executivo da empresa, Jantsch, essa é uma das tendências da automação no varejo. "Além disso, o pagamento móvel, pelo próprio celular do cliente quando ele entra na loja, é outra aposta para o setor."
Veículo: Jornal DCI