Cresce procura de trabalho pela internet

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A turbulência global e as demissões que ocorreram, principalmente, entre o final de 2008 e o começo de 2009, têm provocado uma verdadeira caça ao emprego na internet. A consultoria de recursos humanos Manpower registrou cerca de 37 mil novos currículos cadastrados em seu site, entre os meses de dezembro de 2008 e fevereiro de 2009. A tendência, reflexo das incertezas do mercado de trabalho, representa um aumento de aproximadamente 54% na inserção de currículos, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

 

Para o diretor-geral da empresa no Brasil, Augusto Costa, tais dados são um reflexo da chegada da volatilidade do mercado financeiro à economia real. "O aumento do desemprego e até mesmo a incerteza sobre o futuro daqueles que estão empregados motivou esse movimento", afirma. A maior oscilação foi registrada em dezembro de 2008, mês no qual o crescimento no cadastro de currículos foi de 105%, em comparação com dezembro de 2007. Por outro lado, a oferta de vagas diminuiu. A Manpower captava, em média, 1,2 mil posições por mês em seu site. Desde dezembro, esse número vem se reduzindo. Atualmente, a empresa recebe 800 ofertas de emprego em seu banco de dados online.

 

Mesmo entre as empresas que chegaram há pouco ao Brasil, como a Trabalhando.com.br (subsidiária da chilena Trabajando.com), que iniciou sua operação no País em outubro de 2008, foi possível perceber os impacto da crise na busca por empregos e na oferta de vagas. Segundo o diretor geral da empresa, Renato Grinberg, a procura por profissionais da área financeira e contábil que possam atuar na gestão de custos cresceu cerca 24% nos últimos três meses.

 

Os profissionais de tecnologia da informação também foram mais requisitados. O total de vagas para esse grupo cresceu 10%. Por outro lado, houve queda de 15% no total de vagas oferecidas para profissionais de marketing. "Minha suposição é de que as empresas precisam de dinheiro e, por isso, reduzem a verba de marketing e propagandas", analisa.

 

Em seu primeiro mês de atuação no Brasil, a empresa recebia cerca de 250 currículos por dia. Hoje, esse número é de 1,5 mil. O crescimento é expressivo, mas também deve-se ao fato da empresa ter chegado há pouco tempo no mercado e ainda estar em processo de divulgação de seus serviços. O estabelecimento de parcerias também tem impulsionado o negócio da Trabalhando.com.br. Entre dezembro e janeiro, a empresa já desenvolveu sistemas para o portal da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e Rádio Metropolitana de São Paulo, Universidade Estadual Paulista (Unesp) Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap). Hoje, ela possui cerca de 200 mil currículos em seu banco de dados. A meta é chegar aos 2 milhões até o final do ano.

 

Caça aos seniores

 

Quando se trata de buscar uma colocação, a internet geralmente é utilizada por profissionais jovens. Porém, a crise parece estar modificando até essa tendência. "Depois de janeiro, percebemos um crescimento de vagas para diretores e gerentes. Ou seja, houve um aumento das vagas seniores. Elas quase não existiam antes", diz Grinberg.

 

Segundo ele, isso ocorre por que, durante uma turbulências, as empresas precisam de gestores experientes. "O sênior já passou por outras crises e, por isso, tem uma visão mais ampla sobre como conduzir os negócios", destaca.
Quem faz coro à afirmação é o presidente da Curriculum.com.br, Marcelo Abrileri: "Estamos sentindo um certo crescimento no número de vagas para níveis de gerência para cima".

 

Mas essa parece ser a única notícia positiva. Em novembro, o site registrava 220 mil ofertas de empregos. Hoje, são 180 mil postos. Ao mesmo tempo, o total de currículos cadastrados tem crescido mês a mês. A Curriculum.com.br recebeu mais de 264 mil currículos no primeiro bimestre deste ano, contra 224 mil do mesmo período de 2008, uma variação de 20%. Em janeiro, 127 mil candidatos cadastraram seus dados profissionais na página da empresa. Em fevereiro, foram mais 120 mil. Para Abrileri, esses números demonstram a preocupação das pessoas com seus futuro profissional. "Como ninguém sabe ao certo quanto tempo esta crise durará, muitos já trabalham sua empregabilidade, prevendo a possibilidade de enfrentar uma possível demissão", sustenta.

 

A Catho Online também detectou indícios do aumento da procura por vagas. O site da empresa recebeu 52% mais visitantes únicos em janeiro, em comparação com o mesmo mês do ano passado. De acordo com o diretor de marketing da companhia, Adriano Meirinho, esse crescimento significa que mais pessoas estão em busca de uma vaga no mercado de trabalho. "Tivemos o mínimo impacto na quantidade de vagas incluídas diariamente. Temos uma média diária de 7 mil novos anúncios de empregos incluídos e tivemos pouquíssimos casos isolados de empresas que cancelaram vagas já anunciadas devido à crise", afirma. "Percebo este aumento da audiência, pois mais profissionais estão na busca por um emprego, e mais empresas estão utilizando a internet para recrutar profissionais."

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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