Produtores do país recebem mais por café e chá com selos socioambientais

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O Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) está ampliando as certificações de cafés sustentáveis no Brasil e vai começar a fazer o mesmo com o chá. Esses projetos, financiados pela ONU (Organização das Nações Unidas), atestam se o produto foi cultivado respeitando as práticas socioambientais, garantindo uma maior renda ao produtor, uma vez que os compradores pagam um prêmio pelo produto ambientalmente correto.

 

Mais disseminadas no Brasil, as certificações de café estão em estágio mais avançado de expansão. O país conta com uma área de 64 mil hectares certificados, sobretudo nas regiões produtora da Mogiana Paulista, Cerrado mineiro e Sul de Minas e oeste baiano. Segundo o engenheiro agrônomo Eduardo Trevisan Gonçalves, responsável pela área de projetos e mercados agrícolas do Imaflora, a meta é certificar 5% da área total do Brasil com café até 2013. Em 2009, cerca de 22 mil hectares deverão receber certificação.

 

O projeto é considerado ambicioso, uma vez que a área plantada com grãos no Brasil atinge 2,1 milhões de hectares. Trevisan acha que a meta será atingida. "Temos 40 empreendimentos [fazendas] certificados", afirmou Gonçalves. Toda a produção certificada pelo Imaflora tem o selo Rainforest Alliance. "Esse é um dos selos mais respeitados dos Estados Unidos", afirmou Nathan Herszkowicz, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). "O Brasil lidera o ranking global de países que fazem certificações na produção de café", disse.

 

Segundo Gonçalves, os grupos estrangeiros estão dando prioridade aos cafés com boas práticas socioambientais. "O café chega a valer até 20% a mais", afirmou. Empresas como Kraft Foods, Café Bom Dia, Mitsubishi e Tibo já compram com selo do Imaflora. A organização não-governamental não atesta, contudo, a qualidade do café. "Nosso trabalho está focado na adoção das práticas socioambientais nas fazendas."

 

No ano passado, a comercialização de café das fazendas certificadas pelo Imaflora totalizou 340 mil sacas de 60 quilos, o dobro do negociado em 2007. Para este ano, a expectativa é de que sejam negociadas entre 400 mil e 500 mil sacas, afirmou Gonçalves.

 

Com o sucesso do programa de café, o Imaflora quer expandir as certificações para outras culturas, como chá e cacau. A produção de chá do Brasil está concentrada na região do Vale do Ribeira, em São Paulo, de acordo com a engenheira agrônoma Marina Piatto, coordenadora de certificação agrícola do Imaflora.

 

O trabalho de certificação de áreas produtoras de chás na Argentina feito pelo Imaflora já atingiu 6,5 mil hectares. "Queremos fazer o mesmo no Brasil. Já estamos conversando com produtores da região de Registro (SP) para que possamos fazer as certificações." Segundo ela, a produção brasileira de chás é infinitamente menor, se comparado com a Argentina. "Estamos mapeando a área produtora aqui no país", disse. Assim como nos cafés, as indústrias que comercializam chás gelados pagam um prêmio para os produtores que certificam suas fazendas.

 

Esse conceito também está sendo testado em fazendas de cacau do país. No ano passado, uma fazenda produtora do sul da Bahia foi aprovada pela certificadora. A ideia é certificar outras três propriedades na Bahia, onde a produção da amêndoa do Brasil está concentrada.

 

Veículo: Valor Econômico


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