O diagnóstico produzido pelo Inaes, sob encomenda da Faemg, apontou que, no setor de produção de carne em Minas Gerais, a taxa de lotação média dos participantes do estudo é 1,03 cabeça/hectare de pasto Entre os sistemas mais utilizados, variam de região para região. Na Central, é dividido entre o de recria e engorda (34,6%) e completo (42,3%).
No Nordeste a relação é inversa, com recria e engorda (61,5%) e completo (23%). No Norte, cria (50%) e completo (20,45%) e, no Triângulo, recria e engorda (42,8%) e completo (28,5%).
Do total de produtores, 38% também atuam na pecuária de leite; 20%, na agricultura; 14%, floresta; e 7%, em outras atividades. Das proporiedades, 39,2% não têm área para agricultura
O destino da produção varia entre outras propriedades (sistemas de produção) em Minas Gerais (42%), frigoríficos do Estado (45,7%); outras propriedades fora de Minas (7,4%), frigoríficos fora de Minas (4,9%).
Práticas na propriedade – Dos pecuaristas, 40,9% fazem manutenção das pastagens e apenas 10% adubam o pasto, o que demonstra ineficiência tecnológica das propriedades em relação às pastagens e se traduz na baixa lotação média detectada nas propriedades pesquisadas.
Das práticas utilizadas nas pastagens, 29,5% são de análise de solo; 29,6% são de reforma e recuperação; e 40,9% de manutenção. Do manejo das pastagens, 38,7% é contínuo; 34,7% é diferido; 25,3% rotacionado, enquanto 1,3% não sabe responder.Questionados sobre as estratégias nutricionais, 28,4% disseram não usar proteinados; 27,7% ração concentrada; 40,8% suplemento mineral e 3,1%, suplemento com ureia.
Dos entrevistados, 80,5% não fazem estação de monta. Na avaliação da Faemg, a não adoção dessa prática reduz as taxas de fertilidade do rebanho e a seleção para precocidade e fertilidade das fêmeas Somente 27% das propriedades fazem inseminação artificial. O baixo percentual de inseminação artificial acarreta menor qualidade e progresso genético do rebanho no longo prazo.
Segundo o diagnóstico, 80,6% informaram conhecer plenamente ou grande parte da legislação trabalhista.. Quanto ao meio ambiente, 100% dos pecuaristas afirmaram ser possível conciliar a atividade de pecuária de corte com a preservação ambientalDas práticas de gestão ambiental, 82,8% possui Reserva legal, 91,4% tem APP; 28,3% faz georreferenciamento; 25,3% tem licença ambiental e 14,8%, outorga para uso de água
Quanto ao agrotóxico, cerca de 30% das propriedades não fazem uso Das que utilizam, 62,2% têm funcionários treinados para a função, 74,7% fazem o correto manejo de embalagens e 64,8% têm local adequado de armazenamento de agrotóxico.
Análise - A partir do diagnóstico da pecuária de corte em Minas Gerais, Pierre Vilela, superintendente do Inaes, traça alguns caminhos para o desenvolvimento da atividade no Estado. “Há um campo amplo de ações que podem ser desenvolvidas para fomentar o crescimento sustentável da pecuária de corte no Estado. Mas a prioridade deve ser ampliar o acesso ao conhecimento e às tecnologias. A capacitação de produtores e trabalhadores deve ser incentivada”.
A recomendação é de que “os produtores devem investir preferencialmente em tecnologias como suplementação nutricional estratégica, melhoramento genético, manejo de pastagens e integração da pecuária com sistemas agrosilvipastoris. A aplicação de ferramentas gerenciais e de planejamento, bem como estratégias comerciais também deve estar em primeiro plano”.
Mas, para isso, argumenta Vilela, é preciso superar desafios, que, segundo ele, começa pela recuperação da capacidade de suporte das pastagens, uma vez que a produção a pasto é uma característica predominante da atividade. “Fizemos um levantamento em 2015 que mostrou 75% das pastagens mineiras em condições ruins. O presente diagnóstico demonstra que essa degradação afeta diretamente a rentabilidade e sustentabilidade da pecuária de corte. Portanto, o investimento nesse insumo traria amplos benefícios econômicos e ambientais no curto e longo prazos”.
O Sistema Faemg já oferece cursos gratuitos em todas as áreas prioritárias, mas a demanda deve partir dos pecuaristas, alerta Vilela. Segundo ele,“as perspectivas são de aumento na demanda por carne bovina, que será impulsionada pelo crescimento da população mundial. No entanto, o sistema produtivo de gado de corte terá que se adaptar ao novo cenário nacional e internacional. (Com informações da Faemg)
Veículo: Diário do Comércio - MG