São Paulo, 25 de Março de 2009 - Diante da atual situação econômica, os varejistas estão de olho em um filão que tem tudo para alavancar o faturamento de seus estabelecimentos e cair no gosto do freguês, atualmente mais atento e cauteloso com seus gastos. A aposta está nos produtos de marca própria, que passam a ganhar mais espaço, principalmente, nas gôndolas de supermercados. A expectativa é de um aumento de 15% no volume de vendas, ante um crescimento registrado de 7% no ano passado, segundo a Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirizações (Abmapro).
A mudança de hábito, segundo Marco Quintarelli, consultor de varejo do Grupo Azo e sócio-fundador da Abmapro, não será apenas sentida na mesa dos consumidores. Tudo indica que lojas de roupas e acessórios e de materiais de construção podem também sair no lucro ao oferecerem produtos a preços acessíveis. Para o consultor, "trata-se de uma ótima relação custo-benefício, já que esses produtos costumam ser de 5% a 20% mais baratos que os produtos de categoria."
Os produtos de marca própria mais consumidos pelos brasileiros são os de alimentação básica, como arroz, feijão, café, farinha de trigo, achocolatado, biscoito e produtos de limpeza. No entanto, um dado curioso chama a atenção. De acordo com Quintarelli, dentre os 18 milhões de lares que consumiram pelo menos um produto de marca própria - cerca de 50% dos domicílios brasileiros segundo a última pesquisa Nielsen de setembro de 2008 -, a classe A/B lidera o ranking do consumo de produtos do gênero (mais de 54% ou 4,1 milhões de pessoas). A classe C teve uma participação de cerca de 47,5% (7,6 milhões de pessoas) e a classe D/E, 47,4% (6,2 milhões).
"A classe A/B não abre mão de roupas de grife e de uísques importados, não se importando, porém, com a marca em si ao adquirir seus itens de alimentação. Por outro lado, a classe C é mistificada pela mídia e faz questão de servir na mesa produtos líderes de categoria", diz.
Embora no Brasil a participação das marcas próprias seja estimada em pouco mais de 7% do total - sustentadas por redes como Wal-Mart, Pão de Açúcar, Carrefour e Makro - há países como Suíça, Inglaterra e Alemanha em que a sua participação supera 30% das vendas totais. "Nos Estados Unidos, a marca própria de supermercados e as roupas de lojas de departamento serão as grandes vedetes escolhidas para superar a crise", aponta.
Veículo: Gazeta Mercantil