Carga aérea cresce em meio a perdas das empresas do setor

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As companhias aéreas devem investir mais no segmento de serviços de logística em 2009, para minimizar as perdas financeiras que têm sofrido por conta do cenário conturbado do setor, mundialmente. A TAM Linhas Aéreas, por exemplo, revelou ter encerrado 2008 com um prejuízo líquido de R$ 1,336 bilhão, contra o lucro de cerca de R$ 460 milhões registrado no ano anterior, enquanto, no sentido inverso, a TAM Cargo atingiu a receita total de R$ 1 bilhão, quase 30% a mais do que os R$ 776,8 milhões apurados em 2007. Com o resultado, a unidade de transporte de cargas da empresa representou 9,2% da sua receita bruta total.

 

A concorrente Gol Linhas Aéreas Inteligentes, que também viu o prejuízo líquido acumulado passar do R$ 1,3 bilhão em 2008, versus o lucro verificado de R$ 272 milhões, no ano anterior, afirmou ter aumentado a oferta de transporte de cargas, bem como opções de serviços prestados por meio da Gollog, o que resultou "em 2008, no incremento de 3% da receita", de acordo com o demonstrativo divulgado no mês passado. A companhia, que também reúne a marca Varig, prometeu para este semestre o lançamento do serviço Gollog Express. Além disso, ela lançou no último ano o Gollog Próximo Vôo.

 

No caso dos prejuízos das duas companhias, TAM e Gol, o fato se deve à oscilação da moeda norte-americana e das operações de hedge de combustível (compra programada de petróleo para proteção contra a variação do dólar). Somam-se a isso a turbulência financeira mundial e a queda na demanda por passageiros. Por isso, com aeronaves maiores e espaço nos porões, elas devem aprimorar mais os serviços de carga e as parcerias com empresas de logística para ajudar o aumento das receitas.

 

Terminais

 

A TAM Cargo afirmou ter investido cerca de R$ 30 milhões em infraestrutura e na integração da gestão operacional, comercial e financeira do setor de carga. Com isso, a corporação inicia as operações de dois novos terminais logísticos, um em São José dos Campos (SP) e um em Rio Branco (AC), que somados têm capacidade para 66 toneladas.

 

No segundo semestre de 2008, a TAM inaugurou seu maior terminal, em Manaus (AM), capaz de armazenar mais de 80 toneladas diárias. Outro espaço logístico que entrou em operação foi o do Aeroporto do Galeão (RJ).

 

"O crescimento da TAM Cargo deve-se a esforços comerciais, ampliação de acordos corporativos e captação de novos clientes. Além disso, colaborou o aumento da oferta internacional", comentou David Barioni Neto, presidente da TAM. A empresa viu um aumento de 21,5% no volume de carga transportada, passando das 186 mil toneladas em 2008.

 

Outra empresa do setor que também investe no segmento de logística é a OceanAir Express, ao lançar um novo produto denominado Courier, com o compromisso de priorizar, e embarcar sempre no próximo vôo, as cargas e encomendas de peso menor, havendo a possibilidade de elas chegarem ao aeroporto de destino em duas horas. Hoje, a empresa de logística da Ocean Air atende as principais capitais do País.

 

Doméstico

 

Especializada somente em cargas, a Absa Cargo Airline inicia a operação exclusiva de uma aeronave Boeing 767, para atender o fluxo entre as cidades de São Paulo e Manaus. A meta é chegar a 30% do market share desse mercado. "A Absa projeta uma movimentação de aproximadamente 20 mil toneladas na sua nova oferta de rota até o final de 2009", comentou Alexandre Silva, gerente regional de Vendas da Absa Cargo. A aeronave que cumprirá a rota tem capacidade para transportar de 57 toneladas. A Absa também oferece conexões com destinos em toda a América Latina, e Estados Unidos, América Central, Europa, Oceania e Ásia. A empresa não divulgou ainda seu desempenho financeiro de 2008.

 

A área de prestação de serviços de logística, como transporte de carga aérea e entregas de compras em domicílio por redes atacadistas, ganha destaque entre as empresas, como alternativa para driblar perdas diante da crise. No atacado, por exemplo, a tendência é seguir os passos de redes supermercadistas, com a entrega em domicílio (delivery), como faz agora o Makro, líder do setor.

 

A empresa estuda implantar seu primeiro centro de distribuição para atender restaurantes, bares e lanchonetes, para agilizar o delivery, iniciado ano passado. Depois de reportar incremento de 7,9% no lucro líquido em 2008, totalizando R$ 99,6 milhões, dos R$ 4,9 bilhões faturados no período, o Makro, da holding holandesa SHV, diz que ampliará o número de lojas com oferta do serviço de entrega, instalado em 30 das 65 unidades no País. "Estamos maturando o serviço de entrega", disse Ronaldo Andrade Júnior, diretor financeiro da rede.

 

O Grupo Carvalho, líder do mercado piauiense que atua no varejo e no atacado, aplicou R$ 7,5 milhões na compra de 60 caminhões da Volkswagen e Mercedes-Benz, totalizando uma frota de 280 veículos, para também ampliar seu delivery. Depois de ter ganhos de R$ 1,2 bilhão no ano passado, Reginaldo Carvalho, que comanda os negócios e mira incremento de até 8% este ano, dobrou a área do depósito central da empresa e pretende investir R$ 85 milhões na abertura de duas novas lojas.

 

Além do setor atacadista, quem também encontrou na lucrativa área de logística uma âncora para reduzir seus prejuízos é o mercado de aviação: as duas maiores companhias do País, TAM Linhas Aéreas e Gol Linhas Aéreas, devem intensificar a atuação de seus braços de carga com novos serviços e terminais, após verem perda acima de R$ 1 bilhão em seu lucro líquido. David Barioni Neto, presidente da TAM, por exemplo, já viu aumento de 21,5% volume de carga transportada em 2008, o que resultou no aumento de 30% no faturamento da TAM Cargo. A empresa resolveu iniciar as operação de dois novos terminais logísticos este ano, em São José dos Campos (SP) e em Rio Branco (AC).

 

Veículo: DCI


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