Sepac projeta vendas 50% maiores neste ano

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Com investimento de R$ 100 milhões, a ser concluído ainda no primeiro semestre de 2009, a paranaense Sepac inaugurou uma nova máquina para produzir papel higiênico de folha dupla em agosto do ano passado e quer se posicionar em terceiro lugar entre os fabricantes deste mercado dominado pela Kimberly-Clark (marcas Neve e Scott) e pela Santher (Personal).

 

"Nossas vendas de papel folha dupla cresceram 170% no segundo semestre de 2008 e em 2009 a intenção é fazer com que a empresa cresça 50% em faturamento com ampliação do nosso mercado. Não é tarefa simples, porque significa retirar fatias de mercado dos líderes", diz o diretor- presidente e um dos fundadores da empresa, João Ferreira Dias Filho. A Sepac obteve um faturamento de R$ 97 milhões em 2006. Ele subiu para R$ 108 milhões em 2007 e para R$ 134 milhões em 2008. Está na quinta posição entre os maiores fabricantes deste tipo de produto no País.

 

A Sepac foi instalada no município de Mallet, com 10 mil habitantes, no sul do Paraná, ao final da década de 70 pelos irmãos João e Amílcar, ambos médicos na região - João, clínico geral e cirurgião em Mallet e Amilcar, também clínico geral, em Rio Azul - que resolveram investir parte de suas economias em reflorestamento, pensando no futuro.

 

Nova máquina

 

A Sepac começou com uma simples serraria, passou à produção de pasta mecânica e celulose anos depois e, finalmente, chegou ao papel sanitário, depois que os dois irmãos optaram por abandonar as concorridas clínicas e a medicina. Em 1996 houve uma cisão do negócio e João ficou com a fábrica e o irmão com o setor de reflorestamento. Com a nova máquina, a Sepac está saindo de uma produção de 100 toneladas diárias para 200 toneladas/dia de papel tissue. O carro-chefe da Sepac, hoje, é o papel higiênico Paloma, de folha simples, mas a aposta é no papel de folha dupla, representado na fábrica pela marca Duetto.

 

"O divisor de águas foi o ano de 1990 quando tinha 49 anos e fiz uma viagem ao Japão para conhecer projetos de pequenas indústrias de papel que funcionavam muito bem naquele país. Aquilo me entusiasmou e a medicina foi ficando de lado", conta João Ferreira Dias Filho. A empresa tem plano, inclusive, de instalar uma quarta máquina a partir do final de 2009 e agregar mais 100 mil toneladas à sua produção.

 

Segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), os papéis folha dupla correspondem a aproximadamente 15% do mercado total de papéis higiênicos, e essa participação tem apresentado crescimento nos últimos anos, demonstrando a migração dos consumidores do papel folha simples para o de folha dupla. Em 2008, o mercado de tissue apresentou um crescimento de 10% em valor, puxado justamente pelo aumento da demanda no segmento de folha dupla.

 

Crescimento

 

As vendas domésticas deste tipo de papel somaram US$ 836 milhões em 2008, o que correspondeu a um crescimento de 5,6% em relação ao ano anterior. Em janeiro deste ano, as vendas no mercado interno contabilizaram US$ 73 milhões, alta de 7,3% em relação ao mesmo mês de 2008. No ano passado, foram produzidas 849 mil toneladas de papel tissue, o que representou um aumento de 4,6% em relação a 2007. A produção de papel higiênico popular cresceu 3,6% em 2008, em relação ao ano anterior, para 58 mil toneladas. Por sua vez, a produção de papel higiênico folha dupla aumentou 12% no ano passado, para 103 mil toneladas, segundo a Bracelpa.

 

A Sepac quer repetir no Centro-Oeste e no Sudeste o que faz no Sul do País onde no mercado geral de papéis higiênicos (folha simples + folha dupla) tem a liderança no Paraná em volume de vendas, com 23% de participação de mercado, segundo a pesquisa da Nielsen. Na região Sul, inclusive, nos dois primeiros meses de 2009, houve um "empate" entre Sepac e Kimberly na liderança do mercado, ambas com 15% de participação ( volume). A Sepac tem também uma presença forte em Santa Catarina, estado em que também recuperou a liderança de mercado.

 

"A nossa estratégia é um papel de qualidade, mas com preço 20% inferior ao dos grandes concorrentes. Para conseguir isso investimos pesado em um sistema que utiliza biomassa de reflorestamentos próprios para produzir o calor necessário ao processo industrial", informa o diretor-presidente. "Outra mudança é que antes tínhamos foco no atacado e agora vamos investir no varejo, principalmente nos pontos-de-venda", acrescenta. Pelos números da Bracelpa, por sinal, no total geral do mercado há muito espaço ainda a ser criado: o Brasil tem um consumo per capita entre 4 a 5 kg de papel tissue enquanto que nos EUA e Canadá atinge 20 kg. No Nordeste brasileiro, por sinal, o consumo é de apenas 1,2 kg per capita.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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