Wal-Mart prevê investir R$ 450 milhões no Nordeste

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O Wal-Mart promete continuar apostando suas fichas no Nordeste em 2009. Das 90 novas lojas programadas para este ano, pelo menos 30 serão na região, que deverá receber R$ 450 milhões dos R$ 1,6 bilhão que serão investidos pela rede no Brasil.

 

Cinco anos após entrar no Nordeste com a aquisição da rede Bompreço, o Wal-Mart contabiliza R$ 1,2 bilhão em investimentos, a abertura de 37 novas lojas e a reforma de outras 100 nos nove estados nordestinos. O presidente do Wal-Mart Brasil, Hector Núñez, destaca ainda a descoberta de um novo formato de supermercados para bairros populares com a absorção da rede Balaio, criada pelo Bompreço e transformada na bandeira Todo Dia que detém 35 lojas no Nordeste e 39 no país.

 

"Aprendemos com a operação no Balaio e estamos expandindo o Todo Dia para outras regiões", diz Núñez, revelando que o Nordeste superou as expectativas do Wal-Mart. "Não tenho um só exemplo de algo que não foi bem feito aqui. Compramos uma marca tradicionalíssima, que as pessoas amam e fomos muito bem recebidos", afirmou ontem, no Recife. Com 52% dos seus beneficiados morando no Nordeste, o programa Bolsa Família, do governo federal, segundo ele, contribuiu para essa receptividade, traduzida no aumento do consumo e das vendas da rede na região. Em contrapartida, o Nordeste recebeu, entre 2004 e 2008, R$ 4 milhões em investimentos sociais do Wal-Mart. Entre eles, o incentivo aos fornecedores regionais, sejam indústrias ou produtores rurais, que chegam a 1,2 mil do total de 8,4 mil existentes no país.

 

A partir das vendas regionais, que crescem 10% ao ano, os fornecedores ganham um canal de distribuição nacional de seus produtos. Muitos deles são também fabricantes dos produtos de marca própria do Wal-Mart que fechou 2008 com 6 mil itens divididos em 22 marcas. Dos 130 fornecedores de produtos marca própria no Nordeste, 22 são regionais.

 

Entre as novas lojas programadas, seis delas serão em Maceió - cinco com a bandeira Todo Dia e uma Maxxi, que reúne características do atacado e do varejo. Ainda sem lojas no Norte, o Wal-Mart vem atendendo à região por meio do e-commerce, que, segundo Hector Núñez, tem uma aceitação muito positiva e deverá ampliar sua oferta de 10 mil produtos, em dez categorias, mas ainda sem incluir alimentos.

 

Sem crise

 

Para Núñez, a crise ainda não chegou ao Brasil e o País está apenas vivendo um momento de turbulências e incertezas que não bateu na porta dos supermercados nem no País, nem nos Estados Unidos. Ele diz que foi mantido o tíquete médio das compras e sugere a possibilidade de melhorar os resultados. "A proposta de valor do Wal-Mart é mais concretizada em momentos como esse porque somos desenhados para atender às pessoas exatamente quando buscam mais economia", afirmou. Nos últimos cinco anos, a redução de preços do Wal-Mart em relação à concorrência passou de 3,3% para 10%. No ano passado, a rede faturou R$ 17 bilhões no Brasil, um crescimento de 13,1% sobre 2007 que é mais que o dobro dos 6% de aumento em todo o mundo, no mesmo ano, quando o faturamento global chegou a US$ 400 bilhões.

 

Concorrência

 

Para Antoine Youssef Tawil, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL), a principal contribuição do Wal-Mart na região foi quanto ao layout das lojas e ao atendimento aos clientes. "Antigamente era difícil andar no interior das lojas dos supermercados locais. O Wal-Mart trouxe um formato melhor e os supermercados seguiram esta tendência", afirma Tawil.

 

Apesar das mudanças positivas, segundo Tawil, a rede não é tão competitiva em relação a preços. "As lojas do Wal-Mart estão instaladas em pontos nobres da cidade, mas não têm os melhores preços". As redes locais, como Atakarejo e Atacadão Salvador, que atua com a venda de produtos no varejo e atacado, são os principais concorrentes do gigante americano na cidade. "Os preços delas são melhores, mas elas não oferecem o conforto das lojas do Wal-Mart", comenta Tawil.

 

Para o presidente da associação, o setor supermercadista em Salvador ainda não é tão eficiente como o mercado paulista. "Em São Paulo, se o cliente procura um atendente, por exemplo, ele logo o encontra. Nas lojas de Salvador isto não acontece", afirma.

 

Em Pernambuco, os líderes Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart têm forte presença, mas assim como em Salvador as redes locais também conseguem ser bastante competitivas no quesito preço baixo, diz Djalma Cintra Júnior, vice-presidente da Associação Pernambucana de Supermercados (Apes): "No segmento alimentício os preços são bastante equilibrados, somente nos itens importados e de bazar é que as redes nacionais levam vantagem". Em Recife, a Arco-Íris é a varejista que se destaca entre as locais, seguida da Extra Bom.

 


Veículo: Gazeta Mercantil


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