Álcool cai na usina, mas postos mantêm preços

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O álcool teve uma queda expressiva nas usinas do Centro-Sul do País neste início de safra, mas a baixa praticamente não chegou aos postos, afirmou ontem União da Indústria de Cana-de-Áçúcar (Unica). Para a entidade, em mercados em que os preços da gasolina e do álcool guardam uma relação favorável ao derivado de cana, postos e distribuidoras não são estimulados a reduzir os valores para não perderem margem.

 

O entendimento é que, em mercados onde o álcool é competitivo frente à gasolina, como São Paulo, veículos flex já estão usando o combustível derivado da cana. Uma baixa de preços, portanto, não iria representar aumento de consumo. "Não houve nada de reflexo na bomba. Provavelmente porque o dono do posto e a distribuidora já viram que não adianta reduzir preço para estimular a demanda", disse o diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues.

 

Em mercados onde a relação da gasolina com o álcool não é tão favorável a este último, a "gritaria" do setor por um repasse da baixa já começou, segundo Pádua. O álcool hidratado, usado nos veículos flex, está sendo negociado abaixo de R$ 0,60 por litro livre de impostos na usina, ante R$ 0,82 no início de fevereiro, segundo dados do Cepea/Esalq apurados em São Paulo. Já nos postos, o preço do álcool no Estado de São Paulo se manteve inalterado entre fevereiro e março em R$ 1,31 por litro, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

 

Em outros Estados, houve "alguma redução" na bomba, segundo Pádua, durante uma entrevista coletiva, mas nada semelhante ao que houve no nível das usinas. Nestes Estados, haveria ainda um contingente de veículos flex rodando com gasolina que poderiam migrar para o etanol caso os preços caíssem.

 

O presidente da Unica, Marcos Jank, disse ainda que a possibilidade de redução nos preços da gasolina por parte da Petrobras, devido à baixa internacional do petróleo, seria "uma injustiça e teria consequências complicadas para o setor". Com uma gasolina mais barata nos postos, o álcool teria de ser vendido também por menos para manter sua competitividade. "Neste momento, isto seria preocupante", afirmou Jank.

 

A Petrobras já afirmou, contudo, que uma redução nos preços da gasolina não ocorreria antes que o mercado do petróleo se estabilizasse. "Durante quatro anos o preço da gasolina ficou estacionado no Brasil, a política foi não deixar que a alta do petróleo influenciasse. Agora que o petróleo cai, achamos que seria incorreto que o preço (da gasolina) caísse", disse Jank.
De acordo com o presidente da Unica, 10% de variação da gasolina na bomba já representaria um forte impacto sobre a demanda por etanol.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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