São Paulo - A produção de trigo deve recuar no Brasil na safra 2017/2018, que está em fase de plantio. Conforme o Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), a perda é resultado da quebra na produção aliada a uma redução na área plantada.
A expectativa do Sindustrigo é que produção no próximo ciclo alcance 5,3 milhões de toneladas ante 6,7 milhões de toneladas da safra 2016/2017, com base em dados de mercado e informações obtidas a campo. "Ainda assim este é um número perfeitamente aceitável se considerarmos que abastece pelo menos metade do mercado", avalia o presidente do sindicato, Christian Saigh.
Segundo ele, apenas o Estado de São Paulo deve ter perda de 10% na produção. "Acredito que a baixa rentabilidade também é um fator para essa redução", avalia o dirigente. O valor da tonelada do trigo estava em R$ 1 mil a tonelada há um ano e recuou para os atuais R$ 700. "Isso desestimula o produtor."
De acordo com o executivo de trigo da Bunge no Brasil, Edson Csipai, a produção deve ser menor em razão das chuvas. Foram 400 milímetros no Rio Grande do Sul, onde, até a última semana, o plantio era de 10% da área ante 50% no ciclo anterior. "Mas com o fim das chuvas a área cultivada já avançou para 40% nesta semana", afirmou, acrescentando que ainda não é possível estimar o quanto será perdido.
"Ainda teremos três a quatro meses para diluir essas perdas", avalia Csipai. Com 71% da safra semeada, a estimativa é de retração de área de produção de 2,1 milhões de hectares para 1,9 milhões, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Moagem
A perspectiva é de retração também na produção de farinha, conta o presidente do Sinditrigo. "Se o que vimos nos primeiros quatro meses do ano se mantiver até dezembro, teremos uma retração de 5,3%", projeta Saigh.
Considerando apenas o estado de São Paulo, o recuo foi de 5% na produção, o equivalente a 8 mil toneladas a menos por mês e uma produção de 142 mil toneladas mensal. "Se isso se mantiver ao longo do ano serão 96 mil toneladas de farinha de trigo a menos."
A estimativa contraria a previsão inicial do sindicato de estabilidade em relação ao ano passado. "Temos 14 milhões de desempregados e o consumo é diretamente afetado pela baixa renda da população", explica o presidente do sindicato.
Neste cenário, as empresas atuam com margens apertadas pela dificuldade de repassar o aumento de custos ao consumidor. "O que preocupa a indústria é saber para quem nós vamos vender a farinha de trigo mais do que de quem vamos comprar", diz Saigh.
A Argentina deve ter participação expressiva novamente nas importações Brasileiras. Csipai, da Bunge, estima o país vizinho produzir 20 milhões de toneladas de trigo no ciclo 2017/2018 e exportar 13 milhões de toneladas. "O Brasil deve importar 4,5 milhões de toneladas." Em 2016, foram 3,9 milhões de toneladas.
Fonte: DCI São Paulo