Depois de reduzir o investimento em quase 50% para 2009, a Klabin - maior produtora, exportadora e recicladora de papéis do Brasil - revê agora o cronograma de paradas para manutenção das fábricas. Com aportes previstos em R$ 300 milhões para 2009, ante os R$ 587 milhões investidos em 2008, a empresa continua tomando medidas para preservar o caixa e fazer frente a atual situação econômica mundial, segundo o diretor geral, Reinoldo Poernbacher.
A planta de Otacílio Costa, com sede em Santa Catarina, já teve suspensas suas atividades em março. A interrupção nas instalação de Monte Alegre, no estado do Paraná, está prevista para o final de maio e terá duração de oito a 12 dias.
De acordo com Edgard Avezum, diretor comercial de cartões, esse período de suspensão das atividades poderá ser estendido. O executivo explica ainda que as paradas de manutenção são anuais e, geralmente, ocorrem no segundo semestre - final do mês de agosto e início do mês de setembro -, uma vez que o mercado interno nesse período é mais fraco. Para sustentar a manutenção das fábricas, a Klabin realiza estocagem nos meses que antecedem a parada.
Além disso, a Klabin reduzirá o plantio florestal com recursos próprios e reduzirá as compras de madeira de terceiros. Segundo Poernbacher, a compra mensal de aproximadamente 60 mil toneladas de madeira, passará para 5 mil toneladas. "Essa medida gerará uma economia de R$ 1,5 milhão", afirmou o diretor da Klabin, durante reunião pública da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-SP).
Para contribuir com a preservação do caixa, a companhia - que completa 110 anos de existência e 30 anos de capital aberto neste mês - já concedeu férias coletivas nas fábricas de papel reciclado em Piracicaba (SP) e em Iguapimirim (RJ) no mês de fevereiro; e suspendeu temporariamente as atividades na unidade de produção de papel reciclado em Ponte Nova (MG) na segunda semana de março. Poernbacher afirma que não há previsão de retomada das operações em Minas Gerais. Nessa mesma fábrica, 118 funcionários forma demitidos.
A empresa também reduzirá a compra de aparas e disponibilizará menos kraftliner para exportação. "O mercado de kraftliner no exterior está ruim", frisou Poernbacher. Diante disso, a Klabin estruturou sua produção para que houvesse aumento do consumo desse material no mercado interno. O novo arranjo permitirá que fábricas de papelão ondulado usem o kraftliner em detrimento do papel reciclado, cuja produção foi suspensa.
A Klabin também está em processo adiantando de renegociação de contratos de fornecimento de matéria-prima, manutenção e serviços, visando minimizar os riscos de inadimplência em função da falta de crédito. "Apesar de todo cuidado, não estamos imunes", diz Poernbacher.
Veículo: Gazeta Mercantil