Indefinição sobre o IPI para a linha branca atrasa as vendas

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A expectativa criada em torno da redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca, que deve ser anunciada na próxima quarta-feira (22) pelo governo federal, fez com que os pedidos às indústrias para a segunda data mais importante do ano, o dia das mães, fossem atrasados. Segundo Patrício Mendizabal, presidente da Mabe no Mercosul, empresa que além da marca própria também produz fogões e geladeiras Dako e General Electric esse é o reflexo da indecisão da concessão, ou não, do benefício que poderia reduzir os preços ao consumidor final.

 

"As entregas já deveriam estar finalizadas", comentou Mendizabal. "Porém, com a discussão [sobre a isenção para a linha branca] a menos de um mês para a segunda data mais importante para a indústria, os consumidores ficam à espera por preços menores e com isso os varejistas seguram os pedidos e somente atrapalha os resultados", alfinetou ele.

 

Apesar da crítica, o executivo afirma que se a isenção realmente acontecer, será uma medida muito positiva para o setor, principalmente para a linha de lavadoras automáticas, cuja alíquota é de 20%, e de refrigeradores, linha que tem a incidência de 15% de IPI. Ele aproveita e diz ainda que é necessário que o setor abra uma porta junto ao governo que estabeleça uma política fiscal permanente para a linha branca, pois são produtos "essenciais".

 

Armando Ennes, diretor de relações institucionais da Whirlpool, fabricante das marcas Brastemp e Consul, é a favor da redução do IPI, pelo menos para os produtos mais populares como refrigeradores de uma porta. Essa possibilidade de isenção vem ao encontro do que o diretor da multinacional havia citado como alternativa ao setor, dentre elas, a de redução de alíquotas em ocasiões pontuais como, justamente, o dia das mães.

 

Virada

 

Paralelamente a essa discussão, as indústrias se mostram otimistas com as vendas para o segundo domingo de maio e afirmam que os resultados para essa data definirão o rumo da economia brasileira até o final de 2009.

 

Na Mabe, a expectativa é de manter o crescimento, tanto que a companhia lançou uma nova linha de lavadoras para incrementar as vendas nessa época. Apesar de não estabelecer uma meta para a data, Mendizabal comparou o desempenho da empresa no mês de março com o mesmo período de 2008. Segundo o executivo, o faturamento foi 5,3% maior com a comercialização 9% maior, em unidades.

 

As fabricantes de televisores LCD também estão otimistas com as vendas e apostam que este será o dia das mães hi-tech. Na Samsung a meta é manter o crescimento de mais de 2 dígitos no volume de vendas. Segundo o diretor da divisão de eletrônicos de consumo da empresa, Márcio Daniel, as pessoas estão trocando os televisores normais (CRT) por novos de 19 a 32 polegadas e os que já possuem esse tipo estão aumentando o tamanho da tela para 42 ou acima deste tamanho. Ele inclui ainda os home theaters e blue-rays na lista.
"Estamos finalizando a produção para atender aos pedidos e os televisores estão puxando a demanda por LCD", disse Daniel.

 

Para a novata AOC, que atua de forma mais presente desde setembro de 2008, a impressão também é positiva. "O dia das mães é uma data sazonal muito forte e que deve elevar as vendas em até 30% sobre a média do ano", afirmou Albeto Nairo, diretor comercial da empresa. Com isso, explica ele, permitirá saber como será o restante do ano. Segundo ele, essa predileção pela LCD é em função da queda de preço que este produto tem apresentado nos últimos anos. Apesar do ticket ainda ser alto, cerca de R$ 3 mil para aparelhos de 42 polegadas está cerca de 50% menor que há dois anos. Com essa tendência, ele afirma que a AOC chegará ao final de 2009 com o dobro das vendas de 2008 e, com a Copa do Mundo no ano que vem, a expectativa é de que a empresa aumente em 100%, novamente, as vendas sobre o resultado que espera obter ao final de 2009. Na Mabe, o dia das mães representa cerca de 13% das vendas e segundo Mendizabal, o resultado demonstrará claramente se o Brasil está saindo da crise ou se passará por mais alguns meses de sofrimento.

 

Essa expectativa positiva contrasta com a posição da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Segundo a entidade, o segundo trimestre de 2009 ainda está incerto e que há grandes chances de que o ritmo de produção nas fábricas não seja retomado.

 

O Dia das Mães, afirmam industriais e comerciantes, mostrará os rumos da economia para o segundo semestre. "É uma data sazonal muito forte e que deve elevar as vendas em até 30% sobre a média do ano", afirma Albeto Nairo, diretor comercial da AOC, de eletroeletrônicos. Na Samsung a meta é crescer mais de 2 dígitos no volume de vendas, segundo o diretor da divisão de eletrônicos de consumo, Márcio Daniel.

 

No segmento de linha branca, a expectativa em torno da redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que deve ser anunciada na próxima quarta-feira (22), fez com que os pedidos às indústrias para o Dia das Mães, fossem atrasados. "As entregas já deveriam estar finalizadas. Os varejistas seguraram os pedidos", afirma Patrício Mendizabal, presidente da Mabe no Mercosul.

 

O varejo vê novo perfil de consumidor no Dia das Mães. As classes A e B deverão presentear melhor seus familiares do que as classes C e D.
No Baú Crediário, do Grupo Silvio Santos, segundo o diretor de Vendas, Décio Pedro Thomé, a expectativa é de crescer até 8%: "A data revelará como será o restante do ano", diz ele.

 

Hugo Bethlem, vice-presidente do Pão de Açúcar, projeta a venda de produtos de linha branca como impulso à data. "Apesar de a linha branca ser pouco significativa para nosso negócio, ela é um chamariz, principalmente nas bandeiras Extra."

 

Veículo: DCI


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