Na contramão da crise financeira mundial, as vendas de produtos de marca própria no país devem crescer 15% este ano. A redução do preconceito em relação a essas mercadorias que levam o nome do supermercado ou da loja que as comercializam e o maior controle do orçamento doméstico servem de alavanca para o incremento dos negócios. Segundo a presidente da Associação Brasileira de Marcas Próprias (Abmapro), Neide Montesano, esses produtos se destacam em cenários como o atual. "Contribuem para que o poder aquisitivo do consumidor não seja afetado", pondera, lembrando que há opções que têm a mesma qualidade das marcas de referência com preços até 20% inferiores. "Mundialmente, sempre que há qualquer tipo de crise, esses produtos apresentam alta de vendas", reforça.
Neide Montesano lembra que muitos brasileiros tinham preconceito com relação às mercadorias de marca própria porque acreditavam que tinham qualidade inferior. "Mas essa fase de preocupação acabou", observa. Tanto as indústrias quanto as redes varejistas apostaram nessas linhas. Hoje, ela calcula que já há mais de 45 mil itens desse tipo à disposição dos brasileiros. "Todo dia lançam novidades e já há marca própria em todas as categorias, de produtos de higiene a eletroeletrônicos", observa. O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, acredita que o apelo da marca própria fica mais forte em períodos de crise. Segundo ele, já há supermercados que oferecem 20 mil itens que contam com até 4 mil de opções de marcas próprias.
Para a aposentada Célia Amália Macêdo Campante, não há mais razão para ter preconceito. "Esse produtos não têm diferença com relação aos convencionais", garante. "A qualidade é a mesma, com a vantagem da economia", reforça, apesar de confessar que demorou para confiar plenamente neles. A mudança foi gradativa. Hoje, ela calcula que chega a economizar até 10% em suas compras por optar por boa parte de produtos de marca própria.
A artesã Adriane Ribeiro de Brito já comprou até arroz, feijão e leite de marca própria. "Gostei. Tem qualidade e sai mais em conta, o que é bom quando a gente tem de priorizar o preço baixo. Ultimamente, tenho só comprado o básico", diz. O telefonista José Fernandes de Oliveira Filho ainda não conhece muitos produtos de marca própria. "Ainda gosto mais das tradicionais, mas é importante ter opções, parar ter preços melhores", reforça. No entanto, ao observar as opções existentes no Extra, em Belo Horizonte, ele ficou impressionado. "Já tem quase tudo de marca própria", constatou.
O gerente de Marcas Exclusivas do Grupo Pão de Açúcar (que tem o Extra entre suas bandeiras de supermercados), Eduardo Gasperini, conta que já contam com mais de 3,5 mil itens em produtos de marca própria. A rede começou a oferecer essas opções na década de 1970 e agora já está em um novo patamar. Seus produtos não se chamam mais Extra, por exemplo. Foram batizados de Taeq e Qualitá. Dessa forma, podem ser vendidos nos supermercados de todas as bandeiras do grupo. A rede espera alta de 50% dessas linhas este ano.
No Verdemar, o proprietário Alexandre Poni não pensa apenas em preço, quando escolhe um produto para levar o nome da rede de lojas voltadas ao público classe A de Belo Horizonte. "Só entram no nosso mix se forem de alta qualidade. Ajudam a dar credibilidade para a marca e representam bom custo/benefício para nossos clientes, que são exigentes", diz. Entre os últimos itens que da marca Verdemar, ele cita os cremes balsâmicos e o arroz arbóreo, ambos importados da Itália.
Veículo: O Estado de Minas