Mesmo enfrentando um cenário pouco animador em função de preços baixos, o segmento leiteiro apresenta características que podem amortecer um pouco a crise, uma vez que o sistema de produção deste setor oferece flexibilidade de custos. A avaliação é do professor titular do Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Sebastião Teixeira Gomes, ao explicar que, em um momento de queda nos preços, o produtor tem como amortecer a redução no bolso.
De acordo com Gomes, os gastos com mão-de-obra e a ração para alimentação animal são os dois fatores que podem afetar os custos na produção de leite. Mas, segundo o professor, é possível minimizar estes custos com medidas que aumentem a eficiência na propriedade. " possível aumentar o volume de leite captado através de ordenhadeiras mecânicas e, com relação à alimentação, aumentar a quantidade de volumoso (cilagem, cana-de-açúcar e pasto) na dieta dos animais, o que permite reduzir custos", afirmou.
Segundo o professor, os produtores estão enfrentando problemas desde o início da crise financeira internacional, quando o segmento leiteiro vivia um cenário de forte demanda e viu as compras internacionais serem reduzidas com bastante força, o que derrubou os preços do litro de leite. "Mesmo com o segmento enfrentando este período mais difícil, basta optar por soluções que amenizem as perdas", destacou.
Os preços no mercado estão passando por um período de estabilização, afirmou Gomes. De acordo com ele, o preço médio no Estado está girando em torno de R$ 0,60 por litro, com redução de R$ 0,10 por litro ante o valor praticado no final do ano passado. Mas o pagamento pelo leite hoje varia de acordo com a indústria, que está pagando mais por volume ou pela qualidade do produto entregue, ponderou.
Ajustamento - Ainda assim, mesmo enfrentando estes problemas com preços em baixa, o professor acredita que o segmento leiteiro não é um dos mais afetados neste período de crise. Segundo ele, este cenário é reforçado pelo fato da atividade possuir grande capacidade de ajustamento. "O cenário não é o mais otimista, mas existem atividades no Estado que estão sofrendo mais", comparou.
Para Gomes, esse ajustamento nos custos do leite difere muito, por exemplo, quando comparada à culturas como hortaliças que, depois do plantio, é necessária uma manutenção constante da lavoura, sem possíveis reduções de custos. "O produtor de leite tem que aprender a administrar muito bem os custos, sem contar que é de extrema importância ter uma assistência técnica de qualidade para conseguir equilibrar os custos com a atividade", destacou.
Veículo: Diário do Comércio - MG