A queda na demanda, provocada pela crise de confiança do consumidor, forçou as principais fábricas de colchão instaladas no interior do Estado e na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) a adiarem o aumento da produção previsto para o início deste ano. No primeiro trimestre, sobre igual intervalo de 2008, as encomendas chegaram a cair 20%.
Na Orthoflex Indústria e Comércio de Colchões Ltda, localizada em Santana do Paraíso, no Vale do Aço, o volume de pedidos de janeiro a março caiu 15%, sobre o primeiro trimestre de 2008.
Os efeitos da crise, segundo o gerente comercial da Orthoflex, José Luiz Magalhães, tiveram início outubro, quando as vendas apresentaram redução de 30% em relação a setembro. "O resultado de 2008 só não foi pior devido aos investimentos realizados no período", disse. O valor do aporte não foi revelado.
Para 2009, Magalhães afirma que, embora a economia já dê sinais de recuperação, o planejamento foi revisto e o aumento de 10% da produção não será efetivado. "O consumidor continua inseguro", disse. Porém, acrescentou, a produção média mensal, de 50 mil colchões, não será revista para baixo.
Atualmente, a Orthoflex trabalha com 80% da capacidade instalada e planeja, a partir do segundo semestre, alcançar os 100%. "Tudo dependerá da retomada das vendas", avaliou.
Tradicionalmente, disse Magalhães, o primeiro trimestre é considerado ruim para o mercado de colchões, por causa do excesso de impostos que o consumidor tem a pagar na época. "As vendas começam a tomar força no segundo semestre. o que esperamos", analisou.
A fábrica da Orthoflex gera 300 empregos diretos, que serão preservados. "Novas contatações, porém, estão suspensas", disse. A empresa vende colchões para todo o país, sendo a região Sudeste a mais representativa.
Outra empresa afetada pela crise foi a Indústria e Comércio de Colchões Toraflex Ltda, com planta em Betim (RMBH). A empresa amargou queda de 10% nas vendas nos primeiros três meses, em relação ao mesmo período de 2008.
Porém, conforme o diretor-geral do grupo, Márcio Eustáquio da Silva, o mês de março surpreendeu, apresentando aumento de 20% nas vendas frente a igual mês do ano passado. "Mas esse resultado não foi suficiente para evitar o saldo negativo." A empresa, que aumentou a produção em 10% em 2008, havia estimado crescimento de 10% naquele ano sobre 2007, mas não atingiu a meta.
Também em 2008, a Toraflex investiu R$ 1 milhão, recursos próprios, em maquinário. "Em tempos de crise, é preciso trocar o medo pela ousadia", disse. Apesar das inversões, a Toraflex ainda não conseguiu atingir a meta de crescimento prevista para os primeiros meses do ano.
Entraves - Segundo Silva, um dos principais entraves vivenciados com a crise é a escassez de crédito. "A atividade apresentava curva ascendente no faturamento há anos. A crise mudou todas as perspectivas."
Apesar dos resultados, o diretor está otimista com a retomada das vendas a partir do segundo semestre deste ano. "Se março já mostrou sinais de recuperação, é provável que até lá o desempenho tome fôlego", afirmou.
Em 2008, a produção da Toraflex cresceu 10% na comparação com 2007, com a fabricação de 10 mil colchões/mês ou 120 mil/ano. A empresa trabalha atualmente 70% da capacidade instalada. Cerca de 95% do mercado consumidor dos produtos é mineiro.
Veículo: Diário do Comércio - MG