Em contraste com a oferta de café arábica, a disponibilidade da variedade robusta para a indústria brasileira está em um nível de "quase normalidade", com cafeicultores dispostos a vender nos atuais preços após uma safra de recuperação nas principais regiões produtoras do País.
O mais recente Índice de Oferta de Café para a Indústria (IOCI), calculado pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) entre 9 e 13 de outubro, mostrou que a oferta de robusta (ou conilon), atingiu 6,90 pontos, perto da nota 7, a partir da qual o suprimento é considerado normal. O índice vai de 1 a 9 e, quanto maior, melhor a disponibilidade do produto.
"Temos a impressão de que os vendedores de café conilon estão de uma certa forma ativos. A safra terminou de ser colhida há três meses e há café disponível no mercado, nas fazendas, nos armazéns. Em princípio, a falta desse café está descartada", salientou o diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz.
Preços
Pelas projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deverá produzir neste ano 10,7 milhões de sacas de robusta, expressiva alta de 34% ante as 8 milhões de sacas de 2016.
Essa produção de 2016 tem pressionado as cotações do café robusta no mercado. E, mesmo assim, os produtores ainda se mostram interessados em comercializar. "Há 30 dias (o conilon) estava em torno de R$ 400, hoje em R$ 370 e, há um ano, em R$ 500 por saca na praça de Vitória (ES)", afirmou Jorge Nicchio, presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV), entidade que representa os exportadores do Estado, com 52 empresas.
"Está caindo porque há mais oferta do que procura, mas, mesmo com esse preço, ainda é rentável. O produtor está vislumbrando uma safra maior em 2018 e que o preço pode cair ainda mais", afirmou. Para ele, a expectativa é de que o Espírito Santo colha 10 milhões de sacas de robusta no ano que vem, ante 6 milhões de sacas de 2017.
"O produtor entendeu que o nível de R$ 400 não voltará agora, então, para fazer dinheiro, está vendendo essa disponibilidade", resumiu o diretor da consultoria Pharos, Haroldo Bonfá.
Fonte: Reuters