No ano que ficou marcado pela crise financeira mundial, o setor de autosserviço brasileiro registrou o seu maior crescimento nos últimos sete anos, de acordo com pesquisa realizada pela revista Supermercado Moderno. Profissionalização, melhoria operacional e aumento da renda do consumidor levaram o segmento a uma expansão real de 10,6% (16,9% nominal) em 2008, somando um faturamento de R$ 159,1 bilhões. "É difícil imaginar isso, com todo o caos anunciado, mas no último trimestre de 2008, o setor cresceu 5,2% contra uma alta de 1,3% do PIB", afirma o diretor da publicação, Maurício Pacheco.
O ranking, que está em sua 38 edição, ficou inalterado no que diz respeito às três primeiras posições: Carrefour (R$ 22,47 bilhões), grupo Pão de Açúcar (R$ 20,48 bilhões) e Wal-Mart (R$ 16,95 bilhões), respectivamente primeiro, segundo e terceiro lugares. Juntas, elevaram as vendas em 13,2% em termos reais e faturaram R$ 59,9 bilhões - 37% da receita do setor.
A editora-executiva da Supermercado Moderno, Sheila Hissa, destaca, no entanto, o desempenho de 70 das 460 redes que fazem parte do ranking. "São empresas que registraram crescimento muito acima da média mesmo com o mesmo número de lojas", diz. Para essas empresas, em sua maioria pequenas, qualquer melhoria na eficiência ou profissionalização geram resultados muito significativos, completa Pacheco.
A rede Palomax, do interior de São Paulo, é um desses casos. A empresa, com quatro lojas cresceu 65%, passando para um faturamento de R$ 63 milhões, em 2008. "Fomos galgando isso passo a passo", afirma o gerente administrativo da empresa, Antônio Sílvio Scalon. Fundada em 1988, em Matão, onde estão três das quatro lojas, a rede abriu sua primeira unidade fora do município em 1996, na cidade de Araraquara.
De acordo com o executivo, o crescimento é resultado de uma decisão tomada há cerca de dois anos: realizar melhorias nos departamentos de açougue, padaria e de frutas, legumes e verduras (FLV). A rede passou a comprar peças inteiras de carne, eliminou o autosserviço no açougue e passou a fazer compras três vezes por semana para ter produtos mais frescos. Procedimento parecido foi adotado em FLV. A rede comprou um caminhão e passou a fazer compras três vezes por semana no Ceasa em São Paulo. "Não ganhamos em preço, mas crescemos muito em qualidade", diz Scalon. Em relação à padaria, a decisão foi montar uma cozinha central, que distribui produtos para as lojas.
Veículo: Gazeta Mercantil