A companhia norte-americana General Mills anunciou na sexta-feira a reestruturação das operações no Brasil, o que resultará no encerramento da produção e comercialização das marcas Forno de Minas e Frescarini, adquiridas em 2001. Segundo fontes de mercado, as marcas estavam sendo negociadas há algum tempo e teriam sido vendidas à Perdigão. Procurada, a Perdigão informou que "não comenta rumores de mercado".
Em comunicado, a General Mills declarou apenas que a "Forno de Minas e a Frescarini são líderes em suas categorias e podem ser atraentes para outras empresas com sinergias no negócio de massas".
O mercado de massas frescas, que representa cerca de 3% da venda total de macarrão, apresentou crescimento de 11,4%, em faturamento em 2008, para R$ 390 milhões. Em volume, houve evolução de 2,8%, para 36 mil toneladas. O desempenho foi melhor do que o do mercado de massas em geral, que teve a queda de 3,9% em volume, para 1,2 milhão de toneladas, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima). "Em todo o mundo, o consumo de massas tem crescido, porque com a crise as pessoas reduzem os gastos com restaurantes e passam a cozinhar mais em casa e o macarrão é um produto barato, nutritivo e de fácil preparo", disse o presidente da entidade, Cláudio Zanão. Para este ano a previsão é de alta de 5%.
Um empresário do setor, que preferiu não se identificar, destacou que o custo operacional de comercialização de massas frescas é mais alto o que pode não atrair tradicionais fabricantes de massas para a aquisição da Frescarini. "Exige gôndola fria, que é muito disputada por frigoríficos e fabricantes de laticínios, é uma competição desfavorável para um produto de baixo valor agregado como o macarrão."
Com o encerramento das atividades voltadas ao segmento de massas e pães, a General Mills fechou a fábrica que produzia pães de queijo e massas frescas em Contagem (MG), provocando a demissão de cerca de 500 pessoas. O fechamento acontece menos de um ano e meio depois de a empresa concluir investimentos de US$ 4,4 milhões para criar, na fábrica mineira que já produzia salgadinhos, uma linha de produção de massas frescas. Desde 2004, a empresa fabricava produtos Frescarini na Argentina, com a marca La Salteña.
A General Mills informou que vai se concentrar em seus outros negócios "que apresentam crescimento mais rápido no Brasil", segundo a nota. "Isso nos permitirá aumentar os investimentos em nosso principal foco, incluindo a expansão dos nossos negócios voltados para linha de sorvetes Häagen-Dazs e para as barras de cereais Nature Valley", declarou o diretor-geral da General Mills Brasil, Pablo Pla. A empresa não deu outros esclarecimentos. A empresa informara anteriormente a este jornal que importava as barras de cereais da Argentina e os sorvetes da França. Em 2007, as barras de cereais Nature Valle, por exemplo, detinham cerca de 5% do mercado e a meta era alcançar 15%.
Em março, a companhia já havia anunciado que estava fazendo um acordo para vender uma parte dos ativos da linha de produtos de massas congeladas para pães, em uma transação prevista para ser concluída no quarto trimestre do ano fiscal de 2009, que se encerra em maio. A venda incluiria ativos compartilhados com uma linha de produtos de refeições congeladas para o segmento varejista da companhia nos EUA. Mesmo com a transação dos ativos, a General Mills previa registrar uma perda de US$ 19 milhões depois dos impostos no quarto trimestre fiscal.
No ano fiscal de 2008, a empresa faturou US$ 14,9 bilhões, com vendas líquidas US$ 13,65 bilhões. Deste total, US$ 2,6 bilhões foram obtidas com vendas fora dos Estados Unidos, dos quais 15%, ou US$ 390 milhões, na América Latina e África do Sul. A General Mills entrou no Brasil em 2001, quando adquiriu a concorrente também norte-americana Pillsbury Company, que havia entrado no País em 1996, quando adquiriu da Danone a marca Frescarini. Posteriormente a mesma empresa trouxe para o País a marca Häagen-Dazs e em 1999 adquiriu a Forno de Minas.
Veículo: Gazeta Mercantil