São Paulo - O faturamento da Cocamar, uma das maiores cooperativas do País sediada em Maringá (PR), deve crescer 5% a 6% em 2017, para R$ 3,8 bilhões, projetou nesta quinta-feira (30) o presidente Luiz Lourenço. Segundo ele, o incremento é reflexo da supersafra de grãos no ciclo passado.
"A última safra foi muito maior do que a anterior, mas os preços caíram consideravelmente, fazendo com que os produtores segurassem as vendas", afirma Lourenço. Em 2016, a cooperativa faturou R$ 3,6 bilhões.
Na safra 2016/2017, a cooperativa recebeu 2,4 milhões de toneladas de grãos - 40% a mais que no ciclo anterior-, sendo 50% do volume de milho e o restante de soja. "Recebemos menos milho em função de limitação de capacidade", destaca. "Quem não entregou soja também não entregou milho." A capacidade de armazenamento é de 1,2 milhão de toneladas.
Para esta temporada, a perspectiva é de que a cooperativa receba 10% mais grãos do que no ciclo passado - ou 2,6 milhões de toneladas - mesmo diante de um cenário de produção normal depois de um ano de recordes. "Isso se deve à perspectiva de um aumento no número de produtores associados, que hoje é de aproximadamente 13,5 mil, que produzem em 1 milhão de hectares nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e em São Paulo", relata Lourenço. Ele atribui essa perspectiva de aumento à facilidade de acesso a insumos e a oferta de um conjunto de serviços aos produtores, que tende a atrair cada vez mais cooperados.
O plantio da área de soja da cooperativa já foi concluído e a colheita deve ter início em 10 de fevereiro. "Está tudo perfeito, plantado e germinado", salientou.
Ele ainda comentou que as lavouras de trigo tiveram resultados ruins devido a problemas climáticos. "Esse ano foi um desastre. Sem que mude a política de importação, uma vez que o cereal é trazido sem impostos e nós pagamos por isso, fica complicado produzir", diz. Foram entregues em torno de 60 a 70 mil toneladas de trigo na safra passada, produzidas em 100 mil hectares.
Demanda mundial
Lourenço foi um dos palestrantes do seminário "Diálogo: Desafio 2050", realizado no Hotel Palácio Tangará nesta quinta-feira, em São Paulo.
Na ocasião, o representante do Brasil na Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Alan Bojanic, afirmou que o mundo terá como desafio alimentar 9,8 bilhões de pessoas em 2050 e não mais 9,3 bilhões como foi previsto em 2010. "A Índia deve ser nos próximos dois anos o que a China foi nos últimos dez", afirmou, ao apontar o país como um dos principais drivers desta demanda por alimentos. "É possível, inclusive, que a população cresça ainda mais que o projetado", pontuou o representante da FAO.
Ele também aponta a África como um dos responsáveis por este aumento de demanda. O continente deve superar 1,2 bilhão de pessoas em 2030, quase a população chinesa. "O aumento de demanda vai depender das políticas populacionais desses dois locais."
Desta forma, a perspectiva é de será preciso ampliar em 70% a produção mundial de alimentos e não mais 60%, como estimado anteriormente. Ele calcula a necessidade de produção em 2050 - considerando apenas grãos - de 1 bilhão de toneladas a mais que as 2,6 bilhões de toneladas atuais. Espera-se que em 2027 esse volume chegue a 2,8 bilhões de toneladas de grãos. "Com isso, o Brasil precisará dobrar a produção", estima. Na safra 2016/2017, o País produziu 238,8 milhões de toneladas. Mesmo com esse aumento, permanece a expectativa de que o Brasil responda por 40% do total produzido. "Isso depende de vontade e condições para que esse aumento aconteça", disse. "Nós acreditamos que o Brasil é o país mais preparado para isso."
As expectativas de demanda de alimentos e aumento da população da FAO foram apresentadas em 2010, por meio do Desafio 2050, que buscava identificar a necessidade de alimento para atender à população. "Nós esperávamos que esse aumento fosse estacionar em 2050. Agora, projetamos uma estabilidade apenas em 2100, quando a população deverá atingir 11,2 bilhões de pessoas", estimou.
Lourenço também destacou que os preços dos agrícolas devem ter uma tendência de redução nos próximos 10 anos, especialmente para grãos. "A demanda e a produção vão crescer, mas a taxas menores."
Fonte: DCI São Paulo