Fabricantes voltam a apostar em chocolates mais baratos para Páscoa

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A indústria brasileira de chocolates apostará na oferta de produtos de menor preço para alcançar a todos os públicos neste ano. Depois de dois anos de retração, reflexo da crise, as empresas esperam uma Páscoa de recuperação, com aumento do volume produzido e do faturamento.

 

“O poder aquisitivo do consumidor foi afetado pela crise, no entanto ele aprendeu a gostar de determinadas marcas e tem buscado produtos com um posicionamento de preço que ele possa pagar”, afirma o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), Afonso Champi. Segundo ele, nas últimas duas páscoas a produção recuou aproximadamente 50%. No ano passado, foram 36 milhões de ovos vendidos, o equivalente a 9 mil toneladas de chocolates, volume 38% inferior ao de 2016. Já o consumo de chocolates cresceu 8% no primeiro semestre de 2017 em relação a igual período do ano anterior, enquanto a produção se manteve estável.

 

O clima para este ano, porém, é de otimismo. “A indústria está se preparando para uma Páscoa mais forte. E todos os players do mercado se prepararam para produções maiores. A expectativa é de uma retomada de consumo”, avalia a diretora de chocolates da Mondelez, dona da Lacta, Marcela Mariano.

 

Ela explica que a expectativa é por uma Páscoa “de chocolates”, o que significa que a procura não deve se concentrar apenas em ovos, tendência que teve início no ano passado. “Isso complementa e democratiza o consumo.”

 

Alternativas

 

Diante da disposição do consumidor de gastar menos, as empresas apostam em uma maior variedade de apresentações de um mesmo produto. A Ferrero Rocher, por exemplo, colocará no mercado um produto com valor inferior a R$ 10 pela primeira vez. “Nossa estratégia é, em um momento que ainda pode ser considerado de crise, dar opções em cada uma das faixas de preço”, afirma o gerente regional de marca da Ferrero do Brasil, Enrico Martini. A empresa tem perspectiva de vendas melhores neste ano, mas manteve a produção no mesmo patamar de 2017.

 

A estratégia também deve ser seguida pela Garoto. Diferentemente de anos anteriores, todos os itens da companhia para a Páscoa custam menos de R$ 49,90, incluindo itens de até R$ 10. “Até 2016, o consumidor comprava pensando em número de pessoas que precisava presentear e, agora, decide de acordo com o valor que pode gastar”, explica a gerente de marketing da Garoto, Keila Broedel, que aposta em uma leve melhora nas vendas.

 

No caso da Nestlé, dos 20 itens ofertados especialmente para a Páscoa, seis custam até R$ 25. “No ano passado, nós começamos o trabalho com itens de menos desembolso e maior valor agregado e para este ano seguimos isso”, salienta o gerente de chocolates da Nestlé, André Laporta. Com isso, a empresa espera reduzir a devolução de ovos do varejo, que foi de 5% em 2017.

 

Algumas empresas também optaram por não repassar o aumento de custos ao consumidor. “Em alguns dos produtos principais, optamos por segurar preço na tentativa de atender a todos os bolsos”, assegura a diretora de marketing do Grupo CRM, das marcas Kopenhagen e Brasil Cacau, Maricy Gatai Porto. Neste ano, a companhia projeta produção de 3,5 milhões de ovos, ante 3 milhões em 2017, com expectativa de avanço de 10% no faturamento.

 

Também é parte da estratégia da Arcor não aumentar os preços ao consumidor. A empresa projeta alta de 5% da produção e espera produzir mais de 3 milhões de ovos.

A Cacau Show manterá os preços dos produtos mais antigos, mas deve ter pequenos ajustes em algumas linhas, segundo o vice-presidente de marketing e vendas, Elio Silva. A empresa projeta alta de 20% no faturamento e a produção de 9,5 mil toneladas de chocolate, crescimento de 14% em volumes neste ano.

 

A contratação de mão de obra para a Páscoa, tanto na indústria quanto no varejo, atingiu 23 mil postos de trabalho neste ano, 5,9% a menos que nos seis meses anteriores à Páscoa de 2017. Champi afirma que durante o período de crise não houve fechamento de vagas, mas readequação. “A indústria se acomodou em um novo patamar, de acordo com a demanda do mercado”, diz.

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 

 


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