Pão de Açúcar corta custos e dobra lucro para R$ 60,4 milhões

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"Diferentemente de outras épocas, temos boas notícias". Foi como essa expressão de alívio que o Enéas Pestana, vice-presidente administrativo financeiro do grupo Pão de Açúcar, iniciou ontem à noite a conferência com jornalistas sobre os resultados segundo trimestre de 2008.
 

Durante o ano de 2007, Pestana só foi portador de maus desempenhos. No segundo trimestre trimestre deste ano, ao contrário, o lucro líquido do Pão de Açúcar aumentou nada menos do que 119%. O resultado cresceu de pífios R$ 27,6 milhões em igual período de 2007 para R$ 60,4 milhões.
 

Vários pontos explicam essa reviravolta. O rígido controle de gastos que vem sendo implementado pelo atual presidente da companhia, Claudio Galeazzi, é um deles. As despesas operacionais com propaganda, salários e contratos com terceiros (com vendas, gerais e administrativas) consumiram 18,9% das vendas líquidas, 2,8 pontos percentuais menos do que em igual período de 2007. Isso representou, em termos absolutos, uma economia de R$ 34 milhões no trimestre: o lucro operacional cresceu de R$ 768 milhões para R$ 802,3 milhões.
 

O corte de custos permitiu que a varejista desse prosseguimento à a sua estratégia de ganhar competitividade nos preços. A rede manteve as suas margens brutas em níveis baixos para o padrão do setor. No segundo trimestre, o grupo trabalhou com uma margem bruta de 26,1%, 2 pontos percentuais inferior à registrada em igual período de 2007.
 

A empresa deu uma ênfase especial à rede popular de atacado Assaí, que operou com uma margem de apenas 13,8% para acirrar a competição com o Atacadão, do Carrefour. O Assaí foi incorporado pelo Pão de Açúcar em novembro de 2007 e respondeu por 6,7% das vendas líquidas totais do grupo no segundo trimestre, ou por R$ 284,1 milhões. A rede de atacado registrou um lucro de R$ 2,1 milhões no trimestre.
 

Outras boas notícias vieram da Sendas, no Rio, que deixou de perder dinheiro, e da FIC, a financeira mantida em sociedade em com o Itaú. Devido à melhora nos resultados das empresas em que é sócia, o Pão de Açúcar registrou um ganho de R$ 1,4 milhão na linha da equivalência patrimonial, tampando um rombo que foi de R$ 10,9 milhões em igual período de 2007.
 

As perspectivas macroeconômicas, porém, não são as mais favoráveis. Para o varejo especificamente, recente alta dos juros terá impacto sobre o consumo de bens duráveis, um dos segmentos cujas vendas mais cresceram no grupo Pão de Açúcar neste ano. Pestana respondeu que a empresa está "saudável" e que estará preparada para manter-se competitiva na concessão de crédito, que será uma "ferramenta" poderosa para o crescimento nas vendas.
 

No segundo trimestre, o grupo gastou R$ 5 milhões nos planos parcelados sem juros.
 

A elevação dos juros também irá encarecer as dívidas do Pão de Açúcar, que estão atreladas à Selic. Pestana afirmou, porém, não há muito o que fazer. "Nós fizemos uma captação no início do ano a taxas atraentes", disse Pestana. Com isso, o grupo pôde reforçar o caixa quando o custo do dinheiro ainda não estava alto.
 

O resultado financeiro líquido do grupo ficou negativo em R$ 81 milhões no segundo trimestre, um gasto 53,8% maior que o obtido em igual período de 2007. Segundo Pestana, a despesa ficou cerca de R$ 10 milhões acima do valor usual. "Pretendemos trazer esse gasto (financeiro) de volta para R$ 70 milhões por trimestre", disse o executivo. Em parte, o resultado financeiro foi afetado por uma atualização na provisão para contingências, que apresentou um acréscimo de R$ 12 milhões no segundo trimestre em relação a igual período de 2007.

 

Veículo: Valor Econômico


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