Nem sempre a crise econômica global significa retração de negócios. A Vilma Alimentos, fabricante de macarrão e misturas prontas de Minas Gerais, teve um crescimento de 9% no faturamento do primeiro trimestre deste ano, em relação a igual trimestre do ano passado - passou de R$ 95 milhões para R$ 103 milhões. E aproveitando a tendência positiva, a empresa vai colocar em ação um antigo plano: ser uma grife de abrangência nacional.
Para isso, está investindo R$ 55 milhões para dobrar a capacidade de produção e abrir centros de distribuição em oito Estados. A direção da Vilma está otimista. Segundo o vice-presidente da empresa, Cezar Tavares, a Vilma deve fechar 2009 com R$ 460 milhões em vendas, ante R$ 415 milhões em 2008. "A demanda por produtos como macarrão cresceu nos últimos meses e o dólar mais alto não prejudicou a nossa compra de trigo porque a oferta desse produto cresceu em nível doméstico e internacional", diz Tavares.
A Vilma verticaliza sua produção, produzindo sua própria farinha, e compra anualmente 180 mil toneladas de trigo, de origem argentina ou nacional. Tavares acredita que o desestímulo do consumidor em endividar-se com compras a longo prazo direciona mais recursos para a compra de alimentos, sobretudo nas classes C, D e E, a principal do mercado da Vilma. E nas faixas mais altas a crise gera um processo de substituição de marcas.
Desde o mês passado, a Vilma está produzindo mil toneladas mensais de macarrão instantâneo, tipo lamen, voltado para os mercados de Minas Gerais e Bahia, onde deve chegar a preços menores que os do principal concorrente, o macarrão "miojo" da Nissin.
Em julho, devem entrar em operação quatro máquinas de macarrões especiais, como conchiglione, pappardelle e canelone, que produzirão 500 toneladas mensais de produtos gourmet, para competir com marcas importadas como Di Cecco e Barilla. Outras duas máquinas devem produzir mil toneladas de macarrões longos cada uma ainda em 2009.
O pacote de investimentos da empresa para este ano, de R$ 55 milhões, sendo R$ 35 milhões oriundos de uma linha de financiamento contraída com o BNDES em dezembro de 2007, deve praticamente dobrar a capacidade de produção, dos atuais 5,5 mil toneladas de pasta seca, para 9 mil toneladas. Novas expansões previstas devem fazer com que a empresa atinja 12 mil toneladas de capacidade em 2010. Com o aumento da capacidade, a Vilma quer deixar de ser uma empresa essencialmente mineira para ganhar escala nacional. A empresa pretende usar R$ 15 milhões de seu pacote de investimentos para montar centros de distribuição no Paraná, São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Mato Grosso, Maranhão e Piauí. Hoje, o faturamento em Minas Gerais responde por 75% da receita da empresa, que se diz líder do mercado de pastas no Estado.
A empresa, de capital familiar e fundada em 1925, tem nas pastas secas um terço de seu faturamento. O restante é dividido em parcelas parecidas entre misturas prontas para bolos e pão de queijo, refrescos e temperos prontos.
Veículo: Valor Econômico