Produtores da Bahia obtêm certificação internacional
Apostando em selos de certificação ecológica e de qualidade, pequenos produtores de palmito do Sul da Bahia desafiaram um mercado cercado de desconfiança e conquistaram espaço nobre no varejo nacional e até fora do País. Introduzida em 1996, a produção de palmito estava estagnada na região há anos, em função da falta de crédito e da baixa produtividade. Hoje, a marca Cultiverde, fundada pelas cooperativas locais, está nas gôndolas de grandes redes de supermercado. As organizações também produzem para alimentar marcas próprias de grupos como Wal-Mart e o francês Bonduelle.
A virada dos produtores baianos começou em 2006, quando um convênio entre Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Fundação Odebrecht destinou US$ 2,2 milhões para projetos na região. Parte do dinheiro financiou a vinda de técnicos agrícolas. Em sua maioria engenheiros agrônomos, eles ajudaram os produtores a se organizar em cooperativas e a buscar o financia mento adequado para a produção.
"Faltava às famílias tecnologia e disciplina, além de saber captar o dinheiro na hora certa", diz o engenheiro Roberto Lessa, hoje responsável pela Cooperativa dos Produtores de Palmito do Baixo Sul (Coopalm). O auxílio aumentou a produtividade. "Conseguimos plantar 57 hectares de terra com um empréstimo que visava à produção em 39 hectares", conta Lessa. O acompanhamento técnico também diminuiu o tempo gasto na cadeia produtiva, de 18 para 11 meses. Um novo financiamento, agora destinado à plantação de palmito numa área de 130 hectares - mais que o dobro da atual - acaba de ser concluído pelas cooperativas.
No mesmo ano, os cerca de 370 cooperados conquistaram sua primeira certificação e iniciaram os contatos comerciais, também facilitado pelo convênio do BID. A rede Bom Preço, bandeira da americana Wal-Mart com atuação no Nordeste, foi uma das primeiras a vender os produtos da nova marca.
"As certificações mostram para o mercado que há por trás um processo produtivo de qualidade, especialmente em um produto que exige cuidado no manuseio, como o palmito", afirma o diretor comercial na Bahia do Bom Preço, Carlos Rabello. Hoje, estima-se que 80% do palmito comercializado no Brasil seja de origem clandestina, o que dificulta o acesso de pequenos produtores ao mercado. "As certificações internacionais nos deixam muito confortáveis em vender o produto", afirma a diretora de assuntos corporativos da rede de varejo GBarbosa, Nadja Mattos. Entre os selos obtidos pelas cooperativas, estão o ISO 9001, de qualidade, e o sócio ambiental Rainforest Alliance Certified.
Além do Wal-Mart e GBarbosa, os grupos Pão de Açúcar e Perini já vendem os produtos da cooperativa, que deve produzir 2,87 milhões de hastes de palmito este ano. Em 2010, a meta dos produtores é chegar a 4 milhões de hastes.
Veículo: O Estado de S.Paulo