A elevação da alíquota de impostos sobre a fabricação de cigarros para compensar a desoneração de veículos e material de construção saiu caro para o paulistano, de acordo com Antonio Evaldo Comune, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe/USP).
O IPC/Fipe subiu 0,31% em abril - uma queda de 0,09 ponto percentual em relação a março, mas, segundo Comune, a redução não foi maior por conta do peso das despesas com cigarros (0,8% para 1,92%) e remédios (0,2% para 4,22%) no orçamento dos moradores da capital paulista. "Apesar disso, o IPC vem apresentando um ritmo bem comportado", destaca.
Comune explica que o acréscimo nos dois itens reflete, no primeiro, a elevação da alíquota do Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incide sobre a venda de cigarros, anunciada em 30 de março pelo governo.
Preço final
Na ocasião, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a estimar que o preço final ao consumidor aumentaria 20% no caso dos cigarros mais populares e 25% para os produtos mais sofisticados. O aumento de preço dos remédios ocorre apenas em abril, que é quando o governo autoriza uma reajuste de até 80% do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) acumulado nos últimos 12 meses sobre o valor de medicamentos.
O resultado foi uma contribuição maior dos grupos Despesas Pessoais (0,8% para 1,92%) e Saúde (0,23% para 1,86%) para a inflação na cidade de São Paulo. "O orçamento do paulistano teria ficado menor se não contabilizasse esses gastos", disse, informando queda nas despesas com Alimentação (0,7% para 0,26%), Habitação (0,25% para -0,04%), Transportes (0,09% para -0,02%), Vestuário (0,56% para 0,41%) e Educação (0,09% para 0,02%).
Grupo alimentação
O professor conta que a taxa do grupo Alimentação foi influencia pelo preços de produtos in natura (6,02% para -0,66%), enquanto no para Habitação o principal responsável foi o item Aluguel (0,72% para 0,4%). "Esses dois itens tem um grande peso na formação do índice geral", revela.
Para maio, Comune prevê alta de 0,3% no IPC/Fipe. "Alimentação virá bem parecido, saúde deve diminuir um pouco apesar da pressão do reajuste de assistência médica e despesas pessoais ainda deve pesar no bolso", acredita. O coordenador do IPC manteve a projeção para a inflação na capital paulista para este ano em 4,5%.
Veículo: Gazeta Mercantil