Calor faz aparelhos de ar condicionado e ventiladores sumirem das lojas

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Às duas da tarde de quinta-feira, o relógio de rua próximo ao Campo de Santana, no Centro do Rio, marcava nada menos que 39°. Sem trégua, as altas temperaturas têm se refletido na redução dos estoques de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores em várias lojas de eletrodomésticos da cidade com o aumento da procura.

 

O casal Shirley Caetano e Marcos Gomes tentou ontem em uma loja do Pontofrio na Uruguaiana, mas não encontrou um aparelho de ar-condicionado disponível para levar para casa. No mesmo estabelecimento, o designer William Alves não conseguiu comprar o circulador de ar que procurava:

 

— O meu queimou hoje e preciso de um novo, mas já é a terceira loja que visito e não encontro.

 

De acordo com uma vendedora, os aparelhos têm se esgotado no mesmo dia em que chegam. No estoque da loja, havia apenas dez ventiladores, de um modelo pequeno. Ainda não há previsão de recebimento de mercadorias. Em outra loja do Pontofrio, no Barra Shopping, vendedores informaram que o carregamento de aparelhos de ar-condicionado que chegou na última quarta-feira praticamente se esgotou no dia seguinte. Os vendedores foram instruídos a não aceitar encomendas, porque os produtos também estão em falta nos depósitos da rede.

 

Com alta demanda, preço sobe

 

Na loja das Casas Bahia do Catete, na Zona Sul, o ar-condicionado está em falta há um mês, e os ventiladores se esgotaram ontem. A loja vinha vendendo 20 por dia. A Via Varejo, dona das Casas Bahia e do Pontofrio, informou que a categoria que engloba ventiladores, ar-condicionado e climatizadores teve, nos primeiros 15 dias de janeiro, um volume de vendas equivalente ao de um mês inteiro. A procura pelo ar-condicionado portátil tem crescido mais por não precisar de instalação.

 

— Estamos constantemente abastecendo os estoques, com reposições semanais, para atender à demanda do período — disse Rubens Domene, diretor comercial da Via Varejo.

 

A loja da Ricardo Eletro na Uruguaiana também não tinha ar-condicionado ontem, mas aceitava encomendas para a entrega de aparelhos de janela em até oito dias úteis. De acordo com a rede, as vendas triplicaram em dezembro em relação ao mês anterior.

 

Já na única loja do Centro onde ainda era possível encontrar aparelhos para entrega imediata, os preços subiram quatro vezes só esta semana, disse um vendedor. O valor do ar-condicionado de 10.000 BTUs foi de R$ 1.450 para R$ 1.780.

 

Segundo o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge do Nascimento, a produção de aparelhos refrigeradores de ar aumentou 80% entre 2017 e 2018, quando foram fabricadas 390 mil unidades, até novembro. Ainda assim, não foi suficiente para atender à alta na demanda acima do esperado, o que se repete em outras regiões do país.

 

— O verão está muito intenso. Em novembro, não havia expectativa de que seria tão forte. Se os pedidos não forem antecipados, por questões burocráticas e logísticas as lojas ficam sem itens para vender — explicou Nascimento, que prevê normalização do estoque no varejo em 15 dias. — Não há problema de produção nas fábricas.

 

Fonte: O Globo - Rio de Janeiro

 

 


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