Depois de avaliar a relação de preços do frango com o custo de produção e a inflação, o AviSite tenta fazer o mesmo com o ovo. Mas esbarra no fato de, ao contrário do frango, o ovo não contar com levantamento de custo por parte de um órgão público. Assim, na falta deste, optou-se, na análise abaixo, por utilizar os mesmos índices de evolução de custo registrados pelo frango – que, aliás, não deve ser muito diferente do custo do ovo, pois em ambos os produtos o peso maior vem das matérias-primas alimentares.
Levando em conta os preços pagos ao produtor do Interior paulista, a análise parte dos valores registrados em 2010 (igualados em 100). E – comparativamente à inflação (IPCA) – o que se constata é que já no primeiro semestre de 2011, frente a uma inflação próxima de 4%, o preço do ovo obtém valorização da ordem de 25%.
Esses ganhos se mantêm e se ampliam pelos seis semestres seguintes, mas são perdidos no segundo semestre de 2014, quando preço e inflação praticamente se igualam (variação em torno de 27%-28% em relação a 2010). Porém, voltam a registrar evolução significativa (pra não dizer “explosiva) nos cinco semestres seguintes.
O processo atinge seu ápice (e se esgota) no primeiro semestre de 2017. Pois a partir daí os ganhos em relação à inflação passam a definhar. No final de 2018, todos os ganhos de anos anteriores desapareceram, pois ovo e inflação voltaram a registrar quase a mesma paridade de 2010 (diferença, entre ambos, de menos de 8%).
De toda forma, o ovo fechou os 16 primeiros semestres da presente década (8 anos) com preços que – relativamente aos valores de 2010 (e só de 2010) nunca ficaram aquém da inflação oficialmente registrada. Já no tocante à relação com os custos, a história é bem diferente.
Aliás, o fato de, na maior parte desse período, o preço recebido pelo produtor de ovos ter evoluído acima da inflação nada tem de anormal. Por sinal, sequer representou ganho para o produtor, porquanto em boa parte desses oito anos os preços registrados apenas acompanharam o custo de produção. Inclusive em 2016 (primeiro semestre), ano em que a avicultura de corte quase quebra por não conseguir repassar os custos (elevados) ao frango.
Assim, os ganhos “de verdade” do ovo parecem ter ficado restritos ao período entre o segundo semestre de 2016 e o segundo semestre de 2017. Porque os preços permaneceram elevados, mas sobretudo porque o custo sofreu drástica redução.
Infelizmente, porém, tudo isso também se perdeu em 2018. Pois ao mesmo tempo em que os preços pagos pelo ovo refluíam, iniciava-se nova escalada dos custos. O fecho (segundo semestre de 2018), como mostra o gráfico abaixo, é um preço 64,2% superior à média registrada em 2010, mas um custo 103,3% superior ao daquele ano.
Fonte: AviSite