Supermercado prejudica o resultado do comércio

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A comemoração da Páscoa em abril prejudicou o desempenho de supermercados em março e afetou as vendas do varejo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como no ano passado a Páscoa havia caído em março, a base alta de comparação com março deste ano fez com que as vendas de hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, aumentassem apenas 0,7%, enquanto em fevereiro houve alta de 5,7% em relação a fevereiro de 2008.

 

Como esse setor é o mais representativo da pesquisa do IBGE, as vendas totais do varejo cresceram 0,3% em março na comparação com fevereiro. Na comparação com março do ano passado, as vendas do comércio varejista aumentaram 1,8%, a menor expansão nessa base de comparação apurada pelo IBGE desde novembro de 2003. E, no primeiro trimestre, houve alta de 3,8%, o pior resultado desde os três primeiros meses de 2004.

 

Além do desempenho ruim do setor supermercadista, as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram pelo segundo mês consecutivo em março: -2,2% em relação a fevereiro, acentuando o ritmo de queda em relação ao resultado negativo de 1,4% em fevereiro ante janeiro. Na comparação com março do ano passado, as vendas desse segmento caíram 0,9%.

 

Já as vendas do comércio varejista ampliado, que incluem veículos e motos e material de construção, registraram crescimento de 2% em março ante fevereiro e alta de 6,5% ante março do ano passado, acumulando expansão de 3,7% no primeiro trimestre. As vendas de veículos e motos aumentaram 3,9% em março ante fevereiro, enquanto as vendas de material de construção subiram 3,0% nessa base de comparação. Ante março de 2008, as vendas de veículos aumentaram 17,1%, enquanto as vendas de material de construção caíram 4,1%.

 

O técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, Reinaldo Pereira, disse que os incentivos para as vendas de automóveis e materiais de construção, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) beneficiaram o desempenho do varejo ampliado.

 

Segundo Pereira, o desempenho do setor refletiu o efeito-calendário causado pela Páscoa, mas para ele, essa desaceleração não reverte a tendência do setor de mostrar, até o momento, resistência à crise. "O varejo continua resistindo à crise, continua crescendo com o aumento de renda e a inflação baixa." Já a explicação para o resultado ruim no setor de eletrodomésticos e móveis, para Pereira, está na restrição de crédito.

 

Para o economista da Nobel Asset Management Paulo Val, os números da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de março trouxeram um quadro em que é possível enxergar uma desaceleração na demanda, mas o cenário ainda é melhor que o mostrado pela Pesquisa Mensal da Indústria (PMI) do mesmo mês, que foi divulgada pelo mesmo instituto recentemente.

 

O discurso do economista está em sintonia com boa parte das interpretações dos analistas do mercado financeiro, que avaliam que, no atual momento de incertezas relacionadas à crise financeira internacional, a demanda interna ainda tem como fator importante de motivação a recuperação recente da renda dos trabalhadores brasileiros, enquanto a produção industrial conta ainda com interferências negativas relacionadas, por exemplo, à redução das exportações, em virtude da diminuição internacional do crédito.

 

De acordo com o IBGE, a PMC de março apontou crescimentos de apenas 0,30% ante fevereiro de 2009 e 1,80% ante março de 2008. A PMI de março, divulgada no último dia 5, trouxe uma expansão um pouco melhor na margem, de 0,70%, mas contou com uma queda forte de 10,00% em relação ao mesmo mês do ano passado. "De forma geral, o levantamento continua apontando redução no crescimento da demanda, embora o quadro não seja tão drástico quanto o apresentado pela pesquisa da indústria da semana passada", observou Val.

 

Para o gerente de Análise Econômica e Riscos de Mercado do Banco Cooperativo Sicredi, Alexandre Barbosa, o fraco desempenho das vendas no comércio varejista de março foi motivado por questões específicas relacionadas ao calendário menos favorável e a expectativa para o mês de abril é de um resultado bem melhor para o setor.

 

"O dado de março contém uma forte distorção causada pelo efeito Páscoa e traz até uma certa incerteza para a avaliação", afirmou Barbosa, lembrando que o segmento mais atingido no terceiro mês do ano foi justamente aquele que ainda trazia algum alento para o setor varejista, se comparado com os resultados desanimadores da indústria após os efeitos do recrudescimento da crise financeira global. "Justamente pelo comportamento em hiper e supermercados, que tem um peso maior no levantamento, já é fácil ver que o calendário teve influência decisiva", complementou.

 

Desempenho do Brasil está melhor do que o dos EUA e o da zona do euro

 

Apesar da desaceleração na magnitude do crescimento em março, os resultados do varejo no Brasil prosseguem muito melhores do que os apurados em outras regiões do mundo, segundo o sócio-sênior da consultoria Gouvêa de Souza, Luiz Góes. Ele observou que, enquanto no Brasil as vendas do comércio aumentaram 1,8% no mês ante igual período do ano passado, nos EUA houve um recuo de 9,4% e na zona do euro, queda de 4,2%.

 

Os resultados brasileiros são melhores porque "os pilares da economia brasileira estão muito mais fortalecidos do que lá fora, a massa salarial ainda cresce". Para Góes, "no Brasil houve alguma redução do ímpeto de consumo, mas não como lá fora".

 

A expectativa dele é de que o desempenho do varejo em abril mantenha-se no mesmo patamar de março ou evolua para um aumento um pouco superior, por causa do impacto positivo do efeito calendário sobre o segmento supermercadista - que foi beneficiado pela realização da Páscoa em abril - e da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados nas vendas de eletrodomésticos.

 

Ranking Agas 2008 aponta crescimento real de 8,74%

 

A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) concluiu o levantamento que mapeia o desempenho dos 185 maiores supermercados do Rio Grande do Sul no ano de 2008. As 185 empresas analisadas pelo Ranking Agas 2008 acumularam um faturamento total de R$ 10.626.512.642,33, representando 5,49% do PIB gaúcho registrado no ano passado. Ao comparar as empresas participantes dos rankings de 2007 e de 2008, o crescimento real no faturamento foi de 8,74% e o nominal foi de 15,57%.

 

As cinco maiores empresas do autosserviço gaúcho no ano de 2008 foram, pela ordem, Wal-Mart, Cia. Zaffari, Carrefour, Unidasul e Imec. Juntos, estes cinco grupos supermercadistas representam 63,25% do faturamento bruto de todo o setor. O número total de funcionários empregados pelas 185 empresas participantes foi de 67.332 pessoas, distribuídas em 717 lojas. Entre os 185 supermercados do Ranking Agas 2008, 65 são de Porto Alegre e Região Metropolitana.

 

O valor médio de faturamento por check-out dos supermercados do Estado foi de R$ 1.113.595,05/ano.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) destacou nos dados do Ranking 2009 que o Rio Grande do Sul é a segunda força do setor no País, com uma participação de 10,7% no faturamento total do setor supermercadista brasileiro.

 

Veículo: Jornal do Comércio - RS


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