Isildene Muniz
Somente na Capital cearense (-0,51%) e no Rio de Janeiro (-0,71%) a cesta básica apresentou retração no custo
A cesta básica de Fortaleza registra em maio, deflação de 0,51% e repete comportamento de baixa de abril (-0,16), janeiro e fevereiro (-2,16%) — o quarto recuo do ano. O resultado coloca a Capital cearense como a detentora da segunda alimentação (R$ 185,33) mais barata do País, acima apenas de Aracaju (R$ 168,80). Para adquiri-la, o trabalhador comprometeu 43,32% do salário mínimo líquido (R$ 427,80). No ano, a queda no preço da ração mínima chega a 5,82%.
De acordo com Reginaldo Aguiar, supervisor técnico do escritório do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos e Estatísticos), na Capital cearense, ´o índice aponta para estabilidade na alimentação básica.
É difícil prever, mas a tendência é de decréscimo nos custos da cesta básica. Até porque tradicionalmente, no segundo semestre, a inflação tende a cair e a produção estabilizar´. ´No momento, não há indicador que revele descontrole de preços em 2009´.
Comportamento dos preços
A pesquisa aponta que a queda no custo dos 12 produtos que compõem a cesta básica foi ocasionada pela redução no preço do feijão (-4,69%), leite (-2,82%), tomate (-2,06%), manteiga (-1,76%) arroz (-1,53%), óleo (-1,13%) e a carne (-0,58%).
´Itens como feijão e a carne (maior peso na alimentação) que sofreram elevações muitos fortes no passado, estão iniciando um processo de recuo´. ´Nos últimos seis meses acumulam queda de 49,10% e 8,74%, respectivamente´.
Majorações
As variações positivas ficaram por conta da banana (3,30%), farinha (2,14%), açúcar (2,01%) e pão (1,87%). ´O açúcar está apresentando altas sucessivas. No semestre, subiu 34,51% e no ano, 52%. A justificativa para esse comportamento está no aumento do consumo, principalmente pela indústria´, avalia Reginaldo Aguiar.
Quanto ao leite, vale ressaltar que passa por processo de ampliação da pesquisa e da substituição do leite in natura pela embalagem longa vida.
Ranking nacional
Ao contrário do que está ocorrendo em Fortaleza, os preços dos produtos alimentícios essenciais voltaram a aumentar em maio, em 15 das 17 cidades pesquisadas. Somente na Capital cearense (-0,51%) e no Rio de Janeiro (-0,71%) apresentaram retração. As elevações mais expressivas foram registradas em Recife (8,57%), Natal (4,90%), Salvador (3,90%), Porto Alegre (3,67%) e Aracaju (3,08%).
Porto Alegre continuou a registrar o maior valor para a cesta básica: R$ 243,43, sendo seguida por São Paulo (R$ 227,36) e por Vitória (R$ 225,45%). Apesar da elevação, Aracaju se manteve como a cidade onde os gêneros essenciais têm menor custo, com R$ 168,80. Fortaleza (R$185,33) e João Pessoa (R$ 189,00) vieram a seguir.
Mínimo necessário
Em maio, o valor do salário mínimo necessário voltou a subir, correspondendo a R$ 2.045,06, ou seja, 4,40 vezes o piso em vigor, de R$ 465,00.
Em abril, o menor salário do País deveria ser de R$ 1.972,64 (4,24 vezes o mínimo vigente), enquanto em maio de 2008, o valor necessário era R$ 1.987,51 (4,79 vezes o piso de então, de R$ 415,00).
A estimativa do Dieese tem como base o maior custo apurado para a cesta básica e leva também em consideração a Constituição Federal, a qual estabelece que o salário mínimo deveria ser capaz de suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
Tempo de trabalho
O tempo que o trabalhador que recebe salário mínimo teve que realizar para adquirir os bens que compõem a cesta básica, na média das 17 capitais, chegou a 98 horas e 35 minutos. Em Fortaleza, a jornada foi estimada em 87 horas e 41 minutos.
Veículo: Diário do Nordeste - Fortaleza