Gestão descentralizada da Natura avalia como aumentar a produção

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Cynthia Malta, de São Paulo


 
A Natura vive a crise global, que jogou a economia do país numa recessão técnica, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE, de uma forma bem diferente. Depois de estruturar o novo modelo de gestão descentralizada, com nove unidades de negócios que operam de forma autônoma, a maior empresa brasileira de cosméticos discute qual é a melhor estratégia para ampliar a produção.

 

Na unidade de perfumaria, responsável pelo maior faturamento dentro da empresa, as vendas crescem e o uso da capacidade instalada já aproxima-se do teto. "Estamos pensando em terceirizar uma parte da produção de perfumaria", diz o vice-presidente de Negócios da Natura, José Vicente Marino.

 

Esse tipo de discussão - "Precisamos expandir. Qual é a melhor forma? Comprar uma fábrica ou terceirizar?" - faz parte da rotina de Marino, que comanda os cinco gerentes regionais (Norte/Nordeste, Sul, São Paulo-capital, São Paulo-interior e o restante do país) e os quatro gerentes de submarcas (Ekos, Todo Dia, Chronos etc).

 

A Natura possui hoje três fábricas em Cajamar, em São Paulo, e uma em Benevides, no Pará. Mas a terceirização não é tabu na empresa. A produção de xampu, por exemplo, é feita fora da empresa, que também trocou, recentemente, o fabricante da linha Tododia.

 

Marino não pode revelar números de desempenho pois a empresa divulgará o balanço do segundo trimestre em 22 de julho, mas, quando perguntado sobre o resultado do novo modelo de gestão, diz: "Estamos superfelizes".

 

No primeiro trimestre a receita e o lucro cresceram (26,5%, para R$ 844,7 milhões, e 76,6%, para R$ 138,8 milhões, respectivamente), consolidando uma nova fase para a Natura, que chegou a apresentar resultados bem mais fracos um ano antes.

 

Marino, que chegou em fevereiro de 2008 na Natura vindo da presidência da subsidiária brasileira da Johnson & Johnson, diz que o novo modelo dá aos nove gerentes, todos recrutados dentro da empresa, um grau de autonomia capaz de fazer inveja a presidentes de multinacionais no país.

 

Cada gerente conta com uma estrutura própria de departamentos financeiro, recursos humanos (RH), marketing, logística, pesquisa e desenvolvimento e compras. Antes o departamento de compras na matriz, em Cajamar (SP), poderia decidir pelo material, por exemplo, que fosse mais barato. Mas este poderia demorar a chegar em determinado mercado, trazendo perdas para a companhia.

 


"Eles podem até comprar fábrica", diz ele, que faz uma reunião semanal com todos, por telefone, checa resultados uma vez por mês e a cada três meses revisa todo o planejamento. Esse controle rigoroso e uma seleção criteriosa do que deve ser levado adiante e do que dever ser deixado para depois - "Temos uma enxurrada de sugestões a cada dia", diz Marino - são uma forma de sinalizar às gerências que elas têm autonomia, mas não são "reinados".

 

Um exemplo dessa nova maneira de administrar é o lançamento que a gerência do Norte/Nordeste fará em breve para a época de festas juninas.

 

A água de banho batizada de "Cheiro de Moça Bonita" será vendida apenas naquela região. No resto do país a revistinha que a Natura usa para vender seu portifólio de 738 produtos vai promover a venda de um óleo para ser usado quando ainda se está embaixo do chuveiro.

 

Esta é a primeira vez, diz Marino, que a Natura fará um produto para um tipo de consumidor no país. "Antes o modelo usado era 'one size fits all' (um tamanho serve a todos). Isso agora mudou", afirma o executivo. E a escolha do Nordeste não é à toa. Essa é a região onde as vendas da Natura crescem mais rapidamente.
 


Veículo: Valor Econômico


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