Arrozeiros gaúchos tentam ganhar fôlego

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Patrick Cruz, de São Paulo


  
A cadeia produtora de arroz no Rio Grande do Sul, Estado líder nessa cultura no país, negocia para conseguir postergar vencimentos de linhas de capital de giro obtidas com o Banco do Brasil. O setor prepara ainda uma série de propostas para apresentar ao governo estadual que buscam dar fôlego financeiro aos produtores.

 

A despeito de estar em uma situação de relativo aperto no quadro de oferta e demanda, o segmento acredita que os preços do arroz não têm respondido à altura desse cenário. "Os estoques iniciais da atual safra chegaram ao menor nível nos últimos 15 anos, mas os preços não refletem isso", diz Marco Aurélio Tavares, vice-presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).

 

As linhas para capital de giro tomadas no Banco do Brasil pelos arrozeiros do Estado somam R$ 650 milhões, de acordo com o dirigente. Os empréstimos estão divididos em quatro parcelas, que começam a vencer entre junho e julho. A proposta que se negocia com o banco, segundo Tavares, é a prorrogação do vencimento das duas primeiras parcelas. A ideia é que elas sejam quitadas com a terceira e a quarta parcelas.

 

As propostas de fôlego financeiro a serem apresentadas ao governo do Estado ainda estão sendo desenhadas, de acordo com o dirigente. Elas deverão incluir abatimento ou compensação tributária para o setor, mas o modelo ainda está não foi sacramentado.

 

Para o ano-safra que terminará em 28 de fevereiro, a oferta projetada é de 14,5 milhões de toneladas. O consumo deve chegar a 13 milhões de toneladas, e as exportações, por sua vez, a 500 mil toneladas. "Mas as movimentações registradas até maio apenas no Tecon [Terminal de Contêineres] do porto de Rio Grande indicam que as exportações podem ser maiores que isso", afirma Tavares.

 

Depois da disparada dos preços do arroz registrada em 2008, que ocorreu a reboque do aumento do aumento dos preços de todos os principais produtos agrícolas no mercado internacional, a cotação do cereal recuou, mas para um patamar acima de suas médias históricas. "O mercado caiu 10% nos últimos 45 dias sem razão nenhuma para isso", diz o vice-presidente da Federarroz.

 

O Rio Grande do Sul, responsável por mais de 60% da produção de arroz do país, deve atingir na safra 2008/09 a produtividade recorde de 7,1 toneladas por hectare, de acordo com o levantamento mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A maior oferta ajuda a explicar, em parte, o recuo dos preços - o preço-base no Estado está pouco acima de R$ 25 por saca.

 

Por outro lado, os produtores têm liquidado pouco seus contratos de opção, diz Tavares, o que sinaliza expectativa de melhora do cenário. "Dois anos atrás o quadro era parecido e o exercício dos contratos era bem maior", afirma.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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