Novo CEO da P&G quer mais um bilhão de consumidores

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Lílian Cunha, de São Paulo

 

Nos anos 90, quando foi responsável pela divisão da Procter & Gamble na Ásia, Robert McDonald chegou a fazer viagens de canoa para perguntar a moradores de vilarejos das Filipinas que tipo de sabão em pó eles usavam. Tanta dedicação talvez seja necessária agora, quando as ações da companhia registram a segunda maior queda consecutiva no ano. É nesse cenário que, a partir de 1º de julho, McDonald - ou Bob, como gosta de ser chamado - assumirá a presidência da maior empresa de bens de consumo do planeta. Aos 55 anos, ele terá o lugar de Alan Lafley, que completa 62 anos amanhã, já pensando em como irá curtir a aposentadoria. Lafley, CEO desde 2000, se retira de funções executivas mas continuará como presidente do conselho.

 

Atual diretor global de operações, McDonald se considera um otimista. No discurso que fez após ter sido oficialmente indicado para suceder Lafley, na quarta-feira 10, ele declarou que quer ganhar pelo menos mais 1 bilhão de novos consumidores para os produtos da companhia, como as pilhas Duracell e o sabão para roupas Ariel. "Direcionaremos ainda mais nossa estratégia para conquistar novos consumidores em mercados em desenvolvimento", disse. "Hoje nós abastecemos três bilhões e meio de pessoas no mundo. Estou convencido de que podemos alcançar pelo menos um outro bilhão ou até mais nos próximos dez anos".

 

Assim como a P&G já vem trabalhando, o novo CEO pretende continuar focando o crescimento da P&G em países como Brasil, Índia e México. "Se aumentássemos o consumo per capita de nossos produtos na China e na Índia ao ritmo que crescemos no México, conseguiríamos US$ 40 bilhões extras em vendas anuais", disse o executivo. Só para comparação: espera-se que as vendas globais da fabricante dos produtos Gillette alcancem US$ 80 bilhões até o final do ano.

 

O Brasil, segundo ele, é um dos mercados-chave para a multinacional americana. "O consumo aqui ainda é relativamente pequeno, há muito potencial de crescimento. Para se ter uma ideia, as vendas no país ainda são um terço do que faturamos no México e muito menos do que nos EUA", disse McDonald em entrevista ao Valor, quando esteve no Brasil em setembro passado.

 

Na ocasião, logo após a eclosão da crise financeira mundial, McDonald previu que as turbulências econômicas não afetariam a indústria de bens de consumo. "Mesmo que haja uma maior restrição ao crédito, isso não irá se estender ao varejo, muito menos aqui no Brasil. A crise tem mais a ver com bancos e financeiras. A P&G não tem envolvimento com essa especulação", afirmou. No Brasil, a Procter tem quatro fábricas: Louveira e Anchieta (SP), Salvador (BA) e Manaus (AM). A quinta está sendo construída em Maceió (AL).(com Bloomberg e Financial Times)

 

Veículo: Valor Econômico


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