Com o plantio da safra de trigo quase concluído no país, o mercado tem voltado suas atenções para a Argentina, o principal fornecedor do cereal para o Brasil.
"A Argentina deverá registrar a menor área plantada dos últimos 20 anos", afirmou Élcio Bento, analista de mercado de trigo da consultoria Safras&Mercado. Confirmada a expectativa, não será uma boa notícia para o Brasil, fortemente dependente da matéria-prima do país vizinho.
Na safra que está sendo plantada e que será colhida no segundo semestre, o Brasil deverá repetir o mesmo desempenho do ciclo passado. A Safras estima uma colheita de 5,875 milhões de toneladas, ante 6 milhões de toneladas em 2008, mas ressalva que trata-se de uma estimativa conservadora.
No mercado, as apostas são de que a produção brasileira deverá superar as 6 milhões de toneladas. "Mas o Paraná pode não repetir a produtividade recorde da safra passada", afirmou Bento.
Com uma colheita de cerca de 6 milhões de toneladas, o Brasil ainda precisa importar um volume quase similar para suprir suas necessidades. E como a Argentina ainda é uma incógnita, outros fornecedores, sobretudo Estados Unidos, Canadá e países do Leste Europeu, serão as principais alternativas para os moinhos brasileiros. O consumo nacional está estimado em torno de 10 milhões de toneladas.
As projeções indicam que os argentinos deverão no máximo repetir, neste ano, a colheita da safra passada, de 8,7 milhões de toneladas. "Há uma corrente que aposta que os argentinos deverão inclusive importar trigo, o que ainda é muito cedo para afirmar", disse Bento. Na safra passada, os argentinos produziram 16 milhões de toneladas de trigo. O plantio deverá ocupar 3,2 milhoes de hectares no país, ante 4,6 milhões do ciclo anterior. O Brasil importa mais de dois terços de suas necessidades da Argentina.
Para os produtores nacionais, a boa notícia é que há sinais de que as cotações do cereal poderão seguir firmes no segundo semestre. Na última sexta-feira, a cotação média da saca de 60 quilos do trigo fechou a R$ 28,28 no Paraná, principal produtor do país, de acordo com levantamento do Departamento de Economia Agrícola (Deral), vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado.
Veículo: Valor Econômico