Depois de provocar um rombo de 10 bilhões de ienes (cerca de US$ 100 milhões) nas contas da matriz com perdas em contratos de derivativos, a subsidiária brasileira da Ajinomoto anuncia agora que quer dobrar o faturamento de sua divisão de produtos para o varejo. A meta vale para os próximos cinco anos. A ideia, segundo o gerente de marketing de produtos de consumo da multinacional japonesa, Alexandre Moraes, é compensar o prejuízo com alta nas vendas. "O resultado operacional da companhia no ano passado e o que esperamos para esse ano já devem compensar o que foi perdido financeiramente", afirma ele.
A empresa, que está no Brasil desde 1956 com, atualmente, quatro fábricas e cerca de 2 mil funcionários, tem planos de expandir sua capacidade produtiva, seja ampliando linhas fabris já existentes ou por meio de possíveis aquisições. "A meta é acelerar o crescimento", diz o executivo. "Queremos ampliar a participação dos produtos de varejo no faturamento da companhia", acrescenta.
Hoje, 40% das vendas vem das linhas de temperos, sopas e refrescos em pó. A divisão industrial - que fornece glutamato monossódico (realçador de sabor) para fábricas de alimentos - responde pelos outros 60%. A empresa, que não revela o total de suas vendas, teve no ano passado faturamento na área de produtos para consumo 12% maior e quer terminar este ano com 20% a mais.
Para isso, ainda este ano a Ajinomoto deve lançar novos produtos. "Queremos conquistar novos consumidores nas linhas que já atuamos e também entrar em novas categorias", afirma Moraes, sem no entanto dar pistas de que categorias poderiam ser essas.
No Brasil, o carro-chefe da empresa é o tempero Sazón, seguido do refresco Mid. As sopas individuais Vono respondem por 10% das vendas da divisão. "Queremos aumentar a penetração desse produto", afirma o executivo. Hoje, conforme pesquisas de marcado, 11% dos consumidores têm o costume de tomar sopas individuais. Para aumentar essa taxa, a Ajinomoto está investindo neste inverno R$ 9 milhões em divulgação do produto, que já vem aparecendo em propaganda de TV e vai aparecer em internet. "Queremos atingir o consumidor que está no trabalho, na hora em que aparece aquela fominha. Por isso não adianta anunciar em mídias formais, já que nessa hora as pessoas não devem estar vendo TV ou revistas." O alvo serão sites de notícias, de informações econômicas, de horóscopo e beleza. À tarde, na "hora da fominha", o internauta verá um banner da empresa sugerindo que tome Vono. A marca responde hoje por 69% das vendas da categoria de sopas individuais e faturou 25% mais no ano passado. A meta agora é crescer mais 30%.
Mas é bom frisar que todos esses investimentos só estão acontecendo porque a matriz deu sua mãozinha para a subsidiária brasileira. A Ajinomoto não revela o valor, mas anunciou que a matriz fez um aporte no segundo semestre do ano passado para cobrir o rombo causado por operações de hedge mal sucedidas e dívidas em moeda estrangeira. Agora a subsidiária precisa mostrar trabalho para compensar a ajuda.
Veículo: Valor Econômico