Vendas dos supermercados, reforçadas pela Páscoa, evitaram queda maior; consultor vê sinais de reação em maio
A Páscoa alavancou as vendas dos supermercados em abril e garantiu um crescimento de 6,9% nas vendas do comércio varejista no mês em comparação ao mesmo período de 2009. Na comparação com março, porém, as vendas do varejo caíram 0,2%, no segundo mês consecutivo de queda. Os dados do IBGE mostraram também continuidade na forte desaceleração do crescimento das vendas em 12 meses.
Para o técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE Nilo Lopes, as quedas nas vendas ante o mês anterior devem ser avaliadas como uma estabilidade. No entanto, ele ressalta que, apesar do desempenho "estável" nos últimos meses, ocorreu uma desaceleração importante no crescimento das vendas desde setembro do ano passado, por causa do agravamento dos efeitos da crise.
"O comércio está positivo, mas não está crescendo, e provavelmente não vai crescer, como ocorria até setembro do ano passado", disse Lopes. Ele exemplifico u que o indicador acumulado em 12 meses das vendas varejistas passou de uma alta de 10,3% em setembro do ano passado para 9,1% em dezembro e 7,1% em abril de 2009.
A atividade de hiper e supermercados elevou as vendas em 14,1% em abril ante igual mês do ano passado, no melhor resultado mensal em três anos, puxado pelas vendas da Páscoa. Como a comemoração este ano ocorreu em abril, ao contrário de 2008, quando foi em março, o efeito calendário foi determinante para o desempenho desse segmento, que definiu o resultado total do varejo no mês. Ante março, houve alta de 0,8%.
O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, acredita que as quedas nas vendas do varejo ante mês anterior vão se reverter já em maio, quando o setor deverá apresentar uma alta de 1% em relação a abril. "Os empresários têm informado que as vendas de linha branca (geladeira, fogão, máquina de lavar) têm crescido a patamares equivalentes a dois dígitos n a comparação com maio de 2008", diz Borges.
Em abril, as vendas de eletrodomésticos ainda não mostraram efeitos da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nos produtos de linha branca. Ainda sem esse estímulo, esse segmento registrou queda nas vendas em relação a março e ante abril de 2009.
Segundo Nilo Lopes, esse segmento está mostrando resultados negativos nos últimos meses por causa da redução da oferta e prazos de crédito, insegurança dos consumidores e, ainda, "uma demanda mais satisfeita" por esses produtos após um forte crescimento ocorrido nos últimos cinco anos. De acordo com o IBGE, do início de 2004 até o final do ano passado, as vendas de móveis e eletrodomésticos tiveram uma alta acumulada de 115%.
Para o analista da Tendências Consultoria Alexandre Andrade as vendas do varejo deverão prosseguir em desaceleração: "Não vislumbramos tendência de alta, já que as condições no mercado de trabalho deverão se deteriorar um pouco mais e a confiança do consumidor deverá permanecer em níveis relativamente baixos."
O economista-chefe da Nobel Asset Management, Paulo Val, acredita que o desempenho das vendas daqui para a frente depende da evolução do emprego e da massa salarial. Essas variáveis, disse, são fundamentais para definir o desempenho dos supermercados.
Veículo: O Estado de S.Paulo