Luiza Trajano afirma que perdeu negócio para o Pão de Açúcar "aos 48 minutos do segundo tempo"
"Perdemos aos 48 minutos do segundo tempo", disse ontem a presidente da rede varejista Magazine Luiza, tão logo entrou no auditório da Associação Comercial de São Paulo, no centro da capital paulista.
Em palestra sobre varejo e crise econômica, a empresária Luiza Helena Trajano admitiu que perdera a disputa com o Grupo Pão de Açúcar para a aquisição da rede Ponto Frio apenas na reta final, após três meses de competição acirrada.
Sem a aquisição -que lhe proporcionaria expansão geográfica e um crescimento "de cinco anos em um"-, o jeito é investir na "consolidação" do mercado já conquistado.
Para o processo de compra, o Magazine Luiza contratou o banco JPMorgan e o executivo Marcelo Silva, ex-presidente das Casas Pernambuca nas, e deslocou 20 pessoas da rede. "No sábado passado [6 de junho], eles [Pão de Açúcar] puseram uma proposta em cima da mesa, um pouco acima da nossa. O nosso investidor estava em voo, e [a proposta] deles vencia à meia-noite. A gente perdeu aos 48 minutos do segundo tempo", disse, sem revelar valores.
Trajano -que viajou a Nova York para discutir a compra com a ex-controladora do Ponto Frio, a bilionária Lily Safra- fez questão de enfatizar que a aquisição não fazia parte da estratégia da empresa e que não pensa em retomar um processo de expansão mais agressivo. "A gente vai continuar crescendo normalmente, consolidar São Paulo. Só estava comprando o Ponto Frio porque era uma oportunidade, mas este é um ano de consolidação. Crescemos 30%, 40% ao ano com pequenas aquisições, vamos estar abertos a outras aquisições."
A compra do Ponto Frio seria feita via aumento da participação dos sócios -o que implicaria menor controle da rede por parte da família- e captação de recursos, pontes feitas até a abertura do capital do Magazine na Bolsa, projeto acalentado há três anos, mas sem prazo para ser realizado. "Era um business bem feito. E tinha a ver, muito mais a ver do que com o outro [Pão de Açúcar]."
O Magazine tem 450 lojas, 13 mil funcionários e faturamento estimado em R$ 3,27 bilhões, em 2008. No ranking dos maiores varejistas do país, fica em quinto lugar, atrás de Pão de Açúcar e Ponto Frio, Carrefour, Wal-Mart e Casas Bahia.
Grupo Silvio Santos
O Grupo Silvio Santos, que também fez oferta pelo Ponto Frio, tem planos de comprar uma rede varejista até agosto e multiplicar o número de seus pontos de venda por dez até 2014, disse ontem à Bloomberg o diretor de varejo do grupo, Décio Pedro Thomé.
A Baú Crediário, rede de 20 lojas de eletrônicos e eletrodomésticos do grupo, avalia a compra de três empresas (cada uma com entre 50 e 60 lojas), a firmou Thomé, sem informar quais estão em vista. "É certeza absoluta" que o Baú quer se tornar um dos sete maiores varejistas do Brasil, acrescentou.
Veículo: Folha de S.Paulo