Produtores de leite assistem a retomada com preço melhor

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Após sofrer com o grande volume derramado no mercado internacional pela Nova Zelândia, os produtores brasileiros de leite começam a observar o forte aumento dos preços do produto, que já é a maior contribuição individual na inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No último mês, o leite pasteurizado ficou 9,77% mais caro no País.

 

Nessa retomada do mercado, o consumidor está perdendo, mas o restante da cadeia tem se beneficiado. Para o produtor, os preços recebidos em maio subiram com mais força que no mês anterior em todos os estados pesquisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O valor médio bruto ponderado dos sete estados considerados para a média nacional aumentou 5,86% - ou 3,7 centavos por litro - frente ao pagamento anterior. "O menor volume de leite captado pelas empresas nos últimos meses é o principal motivo para os atuais reajustes, sendo importante analisar o impacto específico que tal redução teve sobre o leite UHT - longa vida - (no atacado e no varejo) e que este teve sobre o leite ao produtor", afirma Gustavo Beduschi, pesquisador do Cepea.

 

Levantamento feito pela Scot Consultoria mostra que o mês de maio foi o quinto de alta consecutiva para o UHT no varejo, sendo negociado, em média, a R$ 2,28 o litro. "Aliás, este é o preço recorde registrado pela Scot Consultoria desde 2001. Até então a maior cotação havia sido registrada em agosto de 2007", disse Rafael Ribeiro de Lima Filho, analista da Scot. "Outro ponto interessante é que a retomada dos preços se deu basicamente de janeiro a maio deste ano", completou.

 

O estudo mostra ainda que as altas do varejo puxaram os preços no atacado. Em maio, o longa vida subiu 24% em relação ao mês anterior. O litro ficou cotado, em média, em R$ 2,14 - valor que também configura um recorde desde 2001.

 

Para o próximo pagamento (em junho, referente à produção de maio), a tendência também é de alta. Segundo o analista, isso se deve à forte concorrência entre as indústrias para assegurar o fornecimento de leite por parte dos produtores nas principais bacias leiteiras. "O final de safra associada ao menor investimento do produtor na alimentação das vacas tende a diminuir a produção de leite", afirmou Lima Filho. Segundo ele, a menor oferta de matéria-prima vem aumentando a concorrência entre os laticínios, que estão pagando mais para assegurar o produto e garantir fornecimento. "Se esse cenário se consolidar, é provável que os preços se recuperem", disse.

 

Indústria

 

A recuperação do setor já reflete nas ações das empresas. A Laep Investments, controladora da Parmalat, anunciou um novo acordo para reestruturação da sua dívida com as empresas que assumirão o passivo.

 

As debêntures, que agora valem R$ 120 milhões, serão alienadas em favor do Emerging Market Special Situations 3 Limited ("EMSS"). Segundo a Laep, o fundo ficará com papéis representativos de R$ 85 milhões, que serão convertidos em uma dívida com vencimento em 31 de agosto de 2010, mais uma opção de compra de até 50,8 milhões de ações classe A da Laep. Os R$ 35 milhões restantes serão repassados para a Companhia Brasileira de Agronegócios e Alimentação (CBAA). Esta pagará um valor adicional e passará a controlar as empresas Integralat e Companhia Brasileira de Lácteos, detentora da marca Glória, entre outras.

 

Para ampliar a gama de fornecedores, a Itambé irá implementar uma fábrica de leite longa vida no município de Brodowski. Será a primeira unidade da empresa no Estado de São Paulo. A planta, que deverá entrar em funcionamento entre o final deste ano e o início de 2010, terá capacidade de 200 mil litros por dia e exigiu investimentos da ordem de R$ 20 milhões. A Itambé também pretende ampliar sua participação no mercado de leite UHT.

 

A captação do leite para a futura fábrica será feita pela Cooperativa Nacional Agroindustrial (Coonai), uma das 30 associadas à Itambé. A cooperativa paulista pretende aumentar sua captação de leite para até 500 mil litros por dia já que continuará comercializando sua marca própria. Atualmente, o volume é de pouco mais de 80 mil litros.

 


Veículo: DCI


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