A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a volta – mesmo que tímida – do crédito aqueceram as vendas da linha branca no varejo entre 20% e 25%. Com isso, já faltam produtos nas lojas, como geladeira, fogões e, principalmente, máquinas de lavar roupa. A observação foi feita ontem pela presidente do Magazine Luiza S/A e do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues.
"Estamos vendendo com a promessa de entrega, mas ainda não temos a garantia da indústria de que a produção será regularizada", disse. De acordo com a presidente da rede de varejo, a falta de produtos ainda não afetou as vendas, mas os prazos de entrega já foram aumentados para até quinze dias. Luiza Helena acredita, no entanto, que o problema será superado em breve.
Para a executiva, é fundamental manter a redução do IPI para a linha branca. Só assim o consumo será plenamente retomado. "A redução, na verdade, levou o imposto a um patamar mais justo. O mais correto é cobrar 10% de tributo e não 20%, como acontecia antes da concessão do benefício." No entanto, um pedido formal para a continuidade do corte do IPI será encaminhado ao governo depois de deliberações do IDV. As reuniões devem acontecer nesta semana.
Luiza Helena participou da reunião plenária dos membros da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) para falar sobre o tema "A situação do varejo diante da crise". Segundo ela, o plano para a abertura do capital do Magazine Luiza na Bolsa de Valores de São Paulo está pronto há três anos. Mas o grupo aguarda o melhor momento para colocá-lo em prática. "Se o mercado melhorar, essa é uma opção para desenvolver o negócio", afirmou.
Outras ações foram pensadas para alavancar os negócios – o Magazine Luiza deve apostar no turismo, por exemplo. De acordo com ela, a venda de pacotes de viagens, voltados principalmente para a população de baixa renda, é uma tendência natural da rede. "Além do nosso negócio principal, a venda de mercadorias no varejo, já oferecemos produtos de crédito. É um sonho meu chegar ao turismo."
Luiza Helena defendeu a implantação do Cadastro Positivo para diminuir os juros e aumentar as vendas. "Houve uma época em que muita comerciante ganhava mais dinheiro vendendo crédito do que produtos. Hoje, sabemos que nossa missão é comercializar produtos no varejo real, não apenas apostar no crédito. Juro baixo amplia as vendas."
O presidente da ACSP, Alencar Burti, disse que Luiza Helena, com sua humildade e capacidade para direcionar as pessoas para o trabalho, é um exemplo para o varejo brasileiro "A humildade é uma arma eficaz. Ela conquista qualquer pessoa", observou o presidente da ACSP.
Veículo: Diário do Comércio - SP