O presidente da Nestlé no Brasil, Ivan Zurita, afirmou ontem que a empresa negocia pelo menos duas aquisições neste momento no País e que deve anunciar uma delas esta semana, em um segmento em que ainda não atua na setor de alimentos. "Nós estamos analisando vários projetos, mas eu posso dizer que pelo menos dois estão nos finalmente", disse o executivo, após participar do 1º Fórum RPCA - Responsabilidade produtiva na cadeia alimentícia, promovido pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia).
"Leva-se tempo, mas eu posso lhe dizer que está bem perto", afirmou Zurita, acrescentando que o prazo para o fim das negociações depende principalmente dos resultados de algumas diligências que são realizadas e da forma encontrada para solucionar problemas fiscais dos possíveis alvos de compra pela Nestlé.
O anúncio já é esperado pelo mercado há pelo menos um mês, mas, segundo Zurita, o fechamento da operação depende do resultado da due diligence. O presidente da Nestlé do Brasil disse que na operação mais adiantada só faltaria oficializar a questão contratual, pois trata-se de "projeto complexo em termos de ativos". Zurita evitou aprofundar o tema devido ao aspecto confidencial do contrato. "Qualquer comentário pode afetar o negócio", disse.
Parlamat. Questionado sobre eventual interesse na Parmalat, o executivo afirmou que essa companhia não pode ser vendida e que existem outras empresas do setor mudando de mãos, como a Indústria de Alimentos Nilza. Ele também citou a Vigor comprada pelo Grupo Bertin e a Batavia adquirida pela Perdigão. "Existem muitos movimentos e o mercado não pára", finalizou.
No mês passado, ganhou força o rumor de que a Nestlé estaria perto de fechar a compra da unidade da Parmalat no município de Carazinho, no Rio Grande do Sul. Por meio dessa aquisição, a empresa fortaleceria a sua atividade em leite longa vida, segmento que vem crescendo a passos largos no País e no qual a empresa começou a atuar recentemente.
Outro segmento que vem recebendo atenção especial da companhia e que pode receber investimentos adicionais da companhia é o de água mineral. Em dezembro passado, a companhia comprou as fontes da Água Mineral Santa Bárbara e parte de suas instalações industriais. Além da Santa Bárbara, a Nestlé atua no Brasil com quatro marcas de água - Petrópolis, São Lourenço, Aquarel, S.Pellegrino, Acqua Panna e Perrier, sendo as três últimas importadas.
Economia. Zurita disse ontem ainda que a companhia deve crescer de forma orgânica 7% este ano, sobre a receita de cerca de R$ 15 bilhões obtida no ano passado. Zurita disse ter ficado satisfeito com o desempenho da Nestlé no primeiro semestre. "Houve evolução importante frente ao que está ocorrendo nos mercados. A operação no Brasil está bem e é um dos destaques", disse, ao informar que a Nestlé do Brasil é a que cresce nos últimos anos.
A previsão de Zurita é duplicar o tamanho da empresa até 2015, como ocorreu de 2001 a 2008. "Podemos chegar ao infinito, depende da disposição, dos recursos e da capacidade de empreender. Existe espaço para crescimento no Brasil e um país só pode crescer com o crescimento das indústrias. Não existe economia saudável com indústrias quebradas e não existe indústrias que funcionem sem economia sólida", afirmou, durante o vento da Abia. O executivo acrescentou que a empresa mantém a intenção de investir R$ 350 milhões este ano, sem considerar aquisições.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ