A Hypermarcas, companhia de bens de consumo detentora de marcas como Assolan, Zero Cal, Monage, Benegrip, entre outras, deverá captar R$ 443,9 milhões em recursos líquidos com a oferta primária de ações, cujos papéis iniciam a negociação hoje na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa). A empresa quer destinar 100% desses recursos para aquisição de empresas, ativos e marcas dos setores de medicamentos, beleza e higiene pessoal, alimentos e higiene e limpeza.
"As futuras aquisições de empresas, ativos ou negócios dependerão de análise de estudos econômico-financeiros, técnico ou jurídico, além de oportunidades de mercado", disse a empresa no prospecto. Para a Hypermarcas, a estratégia de aquisições busca agregar ao portfólio marcas com potencial de consumo dormente, de produção de sinergias, de expansão não explorada e com margens atrativas, especialmente em medicamentos e beleza e higiene pessoal.
Em oito anos de operações, a Hypermarcas fez 22 aquisições. Desde a abertura do capital, em abril de 2008, a empresa comprou a Farmasa - tornando-se a maior fabricante de medicamentos sem necessidade de prescrição médica -, o Grupo Niasi e a Revlon, além das marcas Bozzano e Aquamarine e outras de titularidade na NY Looks e da Brasil Global. A empresa disse ter integrado esses ativos de forma rápida, gerando sinergias e eliminado custos decorrentes dessas aquisições.
Compradora de marcas. Ao comprar uma marca, a empresa procura reformular as embalagens e rótulos e lançar linhas ou famílias de produtos para aumentar suas vendas, participação de mercado e distribuição. Para tanto, a Hypermarcas afirmou que investe de forma substancial em marketing, estabelece parcerias com grandes varejistas e adequa o preço ao consumidor. "Procuramos sempre manter produtos e marcas em diferentes estágios de maturidade, combinando crescimento com geração de caixa", afirma o prospecto.
A receita bruta de vendas da Hypermarcas cresceu 61,55% no ano passado, para R$ 1,78 bilhão, e 67,40% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2008, para R$ 489,5 milhões, como resultado, segundo a empresa, dessa estratégia de aliar crescimento orgânico e inorgânico, via aquisições. "Acreditamos que nossa experiência nos processos de aquisição permite que identifiquemos oportunidades no setor de bens de consumo e possamos desenvolver planos de negócios com retorno elevado".
Os recursos líquidos da oferta acionária da Hypermercadas poderão chegar a R$ 543,8 milhões com o lote suplementar de até 15% da oferta nos próximos trinta dias. O preço da ação da companhia foi fechado em R$ 23 - abaixo dos R$ 24,50 previstos inicialmente pelos coordenadores da oferta e inferior ao fechamento de R$ 23,50 da ação na terça-feira. Com a oferta, o percentual de ações em livre circulação (free float) da empresa aumentará de 18,14% para 30,20%, sem o lote suplementar, e para 31,61% com esse lote.
A Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) informou ontem que os investidores pessoa física que fizeram pedidos de reserva para a oferta foram atendidos em até R$ 5 mil. Sobre o que excedeu esse valor, foi aplicado rateio de 38,4%. A distribuição pública da Hypermercas também compreende oferta secundária de ações, no montante de R$ 230 milhões. Esses recursos, no entanto, irão para o bolso dos acionistas vendedores, entre eles a Igarapava Participações, Maiorem SA, Private Equity Partners e pessoas físicas e administradores ligados à empresa.
A Hypermarcas tem mais de 160 marcas comercializadas, sendo que a maioria dos produtos é focada nos consumidores das classes B, C e D, "Acreditamos que essas classes sócio-econômicas apresentem maior potencial de crescimento de consumo em cenário macroeconômico favorável", afirmou a empresa, que opera seis complexos industriais.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ