A ameaça do vírus da gripe A (H1N1) impulsionou as vendas das máscaras cirúrgicas da Kimberly-Clark, mas a fraqueza na demanda dos consumidores continuou a afetar as vendas de algumas de suas marcas, como a Huggies e Kleenex, segundo informou a companhia ontem.
As vendas em volume da divisão de produtos de cuidados com a saúde aumentaram 14% durante o segundo trimestre, sendo que quase metade da elevação foi puxada pela alta procura por máscaras, de acordo com a empresa.
O executivo-chefe da Kimberly-Clark, Tom Falk, afirmou que a companhia ainda possui um número significativo de encomendas por mais máscaras e acredita que a forte demanda continuará na segunda metade do ano, em meio ao receio de que o vírus da gripe retome sua velocidade de disseminação.
"Veremos muitas pessoas querendo preparar mais planos agressivos de gestão de crise [nas empresas] e isso, normalmente, envolve abastecer-se de máscaras cirúrgicas", afirmou.
As fortes vendas da unidade de produtos de cuidados com a saúde contribuíram para o resultado trimestral, que mostrou melhoras nas margens de lucro bruto, graças a cortes de custos e à queda nos preços das commodities, e nas margens de lucro operacional e no fluxo de caixa.
"Essas coisas foram um passo realmente positivo para nós [...] neste estágio, parece [haver] um ponto de inflexão", disse Falk.
Nos Estados Unidos, a companhia registrou declínio de 7% nas vendas das fraldas Huggies, em volume, e de 10% na demanda pelos lenços de papel Kleenex, enquanto as vendas de papel higiênico recuaram 2%.
As vendas da divisão de serviços K-C Professional, que atende e abastece banheiros de empresas, também caíram 10%, afetadas pela baixa demanda das empresas de indústria pesada e das relacionadas ao setor de viagens. Falk, contudo, afirmou que a empresa detectou possíveis sinais de crescimento na demanda no setor internacional e no de cuidados com a saúde.
A Kimberly-Clark intensificou os esforços para cortar custos e anunciou em junho que eliminará 1,3 mil empregos, o equivalente a 3% de seu quadro de funcionários. Ao longo do trimestre, a companhia também paralisou a produção em algumas fábricas para reduzir estoques.
"Presumindo que a demanda se mantenha no nível atual, não veríamos períodos negativos por muito tempo no balanço do ano", afirmou. A redução de custos e a queda nos preços das commodities levaram a uma melhora em torno de 350 pontos-base [3,5 pontos percentuais] na margem de lucro bruto em relação ao mesmo período de 2008.
A receita geral caiu 5,6%, para US$ 4,7 bilhões. O impacto negativo da força do dólar nas contas ofuscou o crescimento de quase 3% nas vendas orgânicas decorrentes do aumento no preço de venda líquido dos produtos. As vendas totais, em volume, recuaram aproximadamente 2%.
O lucro líquido caiu 3,4%, para US$ 403 milhões. As ações da Kimberly-Clark eram negociadas em alta de 4% na sessão de ontem da bolsa de valores de Nova York, cotadas a US$ 57,12.
Veículo: Valor Econômico