Batata para assar e outra para fritar

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Programa de cooperação entre Brasil e França apresenta aos consumidores variedades próprias para cada uso

 

A dona de casa escolhe a batata mais bonita do sacolão. Leva para casa, lava, descasca e frita. Mas o resultado é desastroso e não há toalha de papel que consiga tirar o óleo daquele produto encharcado. Por causa desse tipo de experiência, que acaba sendo desfavorável ao consumo de batatas, que foi assinado um Programa de Cooperação Técnica Brasil/França . O acordo foi firmado em 1999 e agora as novas variedades começam a chegar ao mercado mineiro. A primeira, emeraude, foi apresentada aos consumidores no início do mês. Ela é específica para assar ou cozinhar. A segunda, a opaline, própria para frituras, chega aos sacolões de BH na última semana de agosto. E a expectativa é de que outras quatro, que tiveram boa adaptação ao solo e ao clima do estado, também cheguem à cozinha dos mineiros e, depois, dos brasileiros. Segundo a coordenadora do programa pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luciana Rapini, a ideia é agregar valor ao produto, uma vez que Minas lidera a produção de batatas no país, com uma safra estimada em 1,1 milhão de toneladas (34% do total nacional).

 

“O resultado com a emeraude já foi muito bom. Queremos trazer para cá o exemplo francês, onde a variedade é escolhida de acordo com o uso culinário”, explica Luciana Rapini. Segundo ela, a batata mais consumida hoje, com 80% da produção, é a ágata. “É bonita, de boa produtividade, mas concentra muita água. Encharca na fritura e, se cozinhar muito, esfarela”, observa. A funcionária pública Estefânia Martins Gonzaga, de 37 anos, confirma que as batatas mais comuns nos sacolões não são boas para fritura. Por isso, ela acredita que vai ser bom contar com as variedades específicas para o uso culinário desejado pela cozinheira. “Até então, as que mais gosto são as miúdas, para salada”, conta. O gerente do Sacolão Center Floresta, Josemar Soares, diz que o fornecimento da emeraude, para assar, foi limitado. Mas ele está otimista com a expectativa da chegada da opaline, para fritar. “Acho que ela vai pegar bem entre os clientes.”

 

O produtor rural Sérgio Soczek, pioneiro no plantio das batatas de origem francesa na Fazenda Terra Quebrada, em Iraí de Minas, no Alto Paranaíba mineiro, acredita no potencial do mercado para as novas variedades. “O consumidor quer melhorar a qualidade do que prepara em sua cozinha”, observa. A emeraude, que já foi colhida, apresentou uma produção média de 35 toneladas por hectare. A princípio, ele está trabalhando em uma produção de 24 hectares. A lucratividade da nova batata é semelhante à obtida com outras opções já existentes. O quilo da emeraude foi vendido em BH entre R$ 1,58 e R$ 1,88.

 

Segundo o coordenador da área de Agroqualidade da Ceasa Minas, engenheiro agrônomo Joaquim Oscar Alvarenga, a apresentação de novas variedades francesas pode ser uma alavanca para o consumo da batata in natura, que vem perdendo espaço para a pré-cozida congelada. “Queremos mostrar que não são apenas batatas, que existem características que têm de ser mostradas para o consumidor ser motivado a comprar. Vamos trabalhar com segmentos de mercado”, diz. Dessa forma, ele acredita que os produtores mineiros serão beneficiados. “Se o consumo aumenta, todos ganham”, reforça. Ele diz que na França há cerca de 200 variedades e que o mercado já trabalha com produtos específicos para cada uso, com rótulos chamando a atenção para a característica de cada tipo de tubérculo.
 

 
Veículo: O Estado de Minas


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