O refrigerador com leite somente até a metade ilustra como andam os negócios na propriedade de Nilso Fernandes Soares, no distrito de Santa Flora, interior de Santa Maria.
Desde março, o tempo anda ruim para a pastagem. Primeiro foi a seca. Agora, é a vez de o frio retardar o crescimento da aveia e do azevém, responsáveis pela alimentação do gado.
A consequência da falta de alimento se reflete no refrigerador e na renda do produtor rural. Ele calcula queda de 50% na produção nos últimos quatro meses. O cenário não é único para Soares. A Emater em Santa Maria estima que os produtores de leite acumulam perda média de 15% na produção desde março.
– Como as chuvas vieram bem mais tarde, acabou retardando o crescimento do que foi plantado depois também. Os animais ficaram com menos alimento e produziram menos – afirma Gilceu Antonio Cipolat, técnico agrícola da Emater.
A saída para alimentar as 20 vacas na propriedade de 18 hectares em que Soares vive com a mulher, Mirele, e o filho Rudivam foi comprar silagem e reforçar o alimento com ração. O investimento foi de R$ 3 mil, suficiente para alimentar as vacas por três meses. Apesar do gasto, as perdas foram inevitáveis. A produção de leite que normalmente fica em 300 litros por dia, ainda está em 150 litros por dia.
– Nesses últimos meses, estamos empatando. Entra menos dinheiro, e o que entra serve para pagar os gastos que temos – observa Soares.
Veículo: Zero Hora - RS