Safra será colhida a partir de agosto, mas setor produtivo quer interferência do governo para garantir preços
O Paraná só começa a colher a nova safra de trigo em agosto, mas o setor produtivo já está preocupado com as condições de comercialização do cereal no segundo semestre. Na semana passada, o triticultor paranaense recebia R$ 28,16 pela saca de 60 quilos, menos que o mínimo de garantia do governo, de R$ 28,80/saca. O baixo preço reflete o mercado externo e a fraca demanda interna.
A partir da entrada da nova safra, em setembro, haverá um agravante: o mínimo passa a ser de R$ 31,80/saca (tipo panificador), reajustado pelo governo no início do plantio, que cresceu graças ao estímulo.
Os paranaenses, que lideram a produção nacional do cereal, com 50% da safra, já encaminharam ao governo pedido para que sejam feitos, a partir de setembro, leilões de contrato de opção de venda futura e de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) e Aquisições do Governo Federal (AGF).
COMPRA FUTURA
Com as opções, o governo sinaliza disposição de compra futura se o mercado não assegurar demanda e preço. Por meio do PEP, o governo estimula, via subsídio, o escoamento do produto para centros consumidores do Nordeste. E com AGF garante a compra imediata do produto ao preço mínimo.
"Os pedidos foram feitos ao governo sem definição de volume", diz o assessor técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra. Segundo ele, as opções, mesmo que não exercidas na época do vencimento, sinalizam ao mercado um preço de referência e garantem alternativa de comercialização ao produtor. A ideia é a de que o governo fixe o vencimento das opções para janeiro e fevereiro do próximo ano, não comprometendo o orçamento público de 2009 com um valor acima do mínimo.
O apoio governamental à comercialização do trigo já vem sendo dado para retirar das regiões produtoras estoques da safra velha. Na última quinta-feira houve leilão de PEP no Rio Grande do Sul e de Valor de Escoamento de Produto (VEP) no Paraná, com oferta de 100 mil e de 50 mil toneladas, respectivamente. Haverá outro leilão amanhã, também com 150 mil toneladas. No Rio Grande do Sul, o trigo ofertado está em poder do setor privado. No Paraná, é produto comprado pelo governo, estocado nos armazéns da Conab.
Veículo: O Estado de S.Paulo