Unidade de lâmpadas foi comprada por grupo americano, que paralisou a produção e deixou de cumprir compromissos financeiros com a GE
Cerca de 500 empregados de uma fábrica de lâmpadas que era controlada pela General Electric (GE) até setembro de 2008, em Maria da Graça, zona norte do Rio, estão sem trabalhar desde 23 de junho, sem garantia de emprego e com os salários de julho atrasados. Funcionários contam que a unidade, adquirida por R$ 15 milhões pela empresa americana Efficient Lighting Products (ELP), controlada pelo fundo de participações Saratoga Lighting Holdings, foi canibalizada, com a retirada de equipamentos. Procurado, o advogado da Saratoga no Brasil não respondeu até o fechamento desta edição.
O presidente para a América Latina da divisão "Consumer and Industrial" da GE, Lionel Ramirez, afirma que a fábrica de lâmpadas e todos os seus ativos foram comprados pela ELP e que toda a responsabilidade sobre a unidade, seus equipamentos e funcionários é da nova controladora. No entanto, o executivo afirma que a GE entrou com pedido de arbitragem contra a Saratoga por não ter cumprido com compromissos financeiros desde a época da negociação. Ele não quis, porém, dar números.
"Eles (ELP) alegaram falta de matéria-prima para parar a produção. Até hoje não resolveram nada", afirmou o técnico de desenvolvimento industrial da fábrica de lâmpadas, Antonio Silva Motta, também diretor técnico do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio, que afirma ter presenciado a retirada de máquinas da unidade. De acordo com outro funcionário da fábrica, Edmar Oliveira, diretor de base do sindicato, teriam sido pelo menos cinco máquinas retiradas, com capacidade para produzir até 1 mil lâmpadas por hora.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio, Julio Bueno, estima que a fábrica de lâmpadas necessita de cerca de US$ 10 milhões para ser ativada novamente. Segundo ele, o governo do Rio está disposto a ajudar a financiar essa quantia, por meio de instrumentos como o InvestRio, que é a agência de fomento estadual. Bueno disse vai se encontrar com a GE e com a ELP para buscar um solução.
"A empresa, do ponto de vista econômico, ainda é viável. Talvez não do tamanho atual. Ela tem uma geração de caixa que permite ter perspectivas de futuro", afirmou Bueno. A GE, por meio de comunicado, informou esperar que "a ELP honre suas obrigações contratuais e legais com seus funcionários". A antiga controladora da fábrica acrescenta estar "extremamente insatisfeita com o fato de o grupo Saratoga não ter gerenciado os negócios de forma bem-sucedida nos últimos onze meses, e por não ter cumprido com os compromissos com os clientes da ELP, fornecedores, funcionários e com a GE".
Veículo - O Estado de S.Paulo