Herdeiro das Casas Bahia deixa a sociedade

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Saul Klein está vendendo sua participação por cerca de R$ 1,3 bi

Márcia De Chiara

Saul Klein, um dos três herdeiros das Casas Bahia, maior rede de móveis e eletroeletrônicos do País , deve deixar a operação da companhia na segunda quinzena deste mês. Após tocar durante anos a área comercial da rede, onde ocupava o cargo de diretor, ele teria vendido a sua participação no negócio para os demais sócios da empresa por R$ 1,3 bilhão.

Segundo fontes do mercado, Saul deve ir, em um primeiro momento, para o conselho de administração da rede. Pelo acordo fechado, ele não poderá atuar no dia a dia do varejo de móveis e eletroeletrônicos por cinco anos. As Casas Bahia informam, por meio de sua assessoria de imprensa, que há uma negociação que está para ser formalizada. Mas, por um acordo firmado entre as partes, "não há o que possa ser dito mais neste momento".

Saul é o filho caçula de Samuel Klein, fundador da empresa, e um dos três herdeiros - os outros são Michael, o mais velho, e Eva, a filha do meio - de um império que fatura cerca de R$ 14 bilhões por ano. Eva está fora da operação da empresa e vive nos Estados Unidos. Michael é o diretor administrativo e financeiro da companhia.

Segundo pessoas próximas dos dois herdeiros, Saul e Michael sempre tiveram divergências. Com estilo mais agressivo, Saul era mais duro nas negociações com fornecedores, usando a prerrogativa de diretor comercial e de sócio da companhia. Já Michael é mais político e flexível.

As divergências entre ambos teriam se acirrado a partir de setembro do ano passado, com a crise financeira internacional, que reduziu os resultados de todas as empresas e também das Casas Bahia. No início deste ano, a rede decidiu diminuir o ritmo frenético de expansão e fechar lojas deficitárias. "A crise funcionou como um catalisador das divergências entre os herdeiros, que vem de anos", diz uma fonte.

Um ponto que acirrou o desentendimento entre os irmãos teria sido uma carta enviada para os fornecedores, durante as férias de Saul, avisando que as negociações não mais poderiam ser feitas por meio de representantes da indústria. Segundo o comunicado, as transações passariam a ser fechadas entre os gerentes das indústrias e a direção comercial da empresa. A decisão tomada pelo fundador da rede, Samuel Klein, teria desagradado o filho Saul.

A partir desse momento, segundo fontes do mercado, teria ficado clara a opção do pai de apoiar o filho primogênito Michael, como reza a tradição judaica. Saul teria decidido sair do negócio e abriu caminho para que a empresa comprasse a sua participação.

"Não é novidade que o Michael seja o sucessor de Samuel", afirma outra fonte próxima. Além da tradição de privilegiar o filho mais velho, ele foi preparado para suceder o fundador da empresa.

A saída de um dos irmãos do negócio era inevitável, observa outra fonte do setor. "Eles são extremamente ambiciosos e espertos. Por isso, fica difícil a convivência."

FINANCIAMENTO

Apesar de o negócio ter sido formalizado internamente, Saul ainda não teria embolsado o dinheiro. Mas, segundo fontes do mercado, a empresa já teria assinado cartas de financiamento com bancos para obter os recursos e comprar a participação de Saul. Especula-se no mercado também que os recursos poderiam vir de um fundo que, em breve, entraria como sócio capitalista da empresa. "Eles estão preparando a companhia para ser uma S/A (sociedade anônima)", diz uma fonte.

Especialistas do varejo confirmam a avaliação de que a rede, assim como qualquer outra do setor, não teria hoje disponibilidade de caixa para fazer esse desembolso, diante da atual conjuntura. Eles lembram que, em episódios recentes nos quais herdeiros compraram a participações na sociedade com recursos da própria empresa, seguiu-se um período de descapitalização das companhias, que tiveram de recorrer a sócios estrangeiros.

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