O presidente da Casas Bahia, Michael Klein, vai se tornar acionista majoritário da empresa. O controle era dividido entre Michael, seu irmão mais novo, Saul - cuja participação passa às mãos do presidente -, a irmã caçula Eva e o fundador, Samuel, pai dos três. Cada um tem 25% das ações, embora apenas Michael e Saul tenham função executiva na varejista.
A Casas Bahia confirma oficialmente a venda da participação de Saul para Michael. Segundo a assessoria de imprensa da varejista, "a negociação da saída de Saul Klein foi formalizada e o processo aguarda conclusão". No momento, Saul continua como diretor comercial da rede, a maior do país na venda de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, com mais de 500 lojas em 11 Estados e no Distrito Federal, e com faturamento anual da ordem de R$ 14 bilhões.
Como diretor comercial, Saul era apontado como o "cérebro" da empresa. Responsável pelas negociações de compra de produtos, ele conseguia contratos vantajosos com fornecedores. Já Michael responde pela área administrativa e financeira da varejista. Raphael, filho de Michael, assumiu na empresa a diretoria de marketing, uma área que até hoje teve maior influência de Saul.
A rede é a maior anunciante do país, com gastos brutos de R$ 1,21 bilhão em publicidade em 2008, segundo a publicação especializada Agências & Anunciantes, valor que representa alta de 17% sobre 2007. A agência Y&R, dona da conta, tem uma operação exclusiva dentro da varejista, que envolve cerca de 100 pessoas.
A Casas Bahia ganhou mercado ao oferecer a compra parcelada em várias vezes em prestações fixas, o que estimulou o consumo na baixa renda. Com juros, o parcelamento chega a 24 vezes. No começo deste ano, a empresa iniciou a venda na internet, atrás de grandes concorrentes, como Ponto Frio, Extra e Magazine Luiza, que já exploravam o comércio eletrônico há mais tempo.
As mudanças no comando da Casas Bahia ocorrem em um momento agitado para o varejo. O grupo Pão de Açúcar avançou no mercado com a compra em junho do Ponto Frio, rede com 455 lojas em 10 Estados do país. No mesmo mês, a Casas Bahia - que não fazia uma aquisição há nove anos - anunciou a compra da baiana Romelsa, dona de 17 lojas. Em meio à retomada do consumo interno, 11 meses depois do estouro da crise mundial, observa-se um movimento de concentração em parte dos fornecedores, como a compra da BSH, dona das marcas Bosch e Continental, pela Mabe, que controla também General Electric e Dako. Com isso, a Mabe se tornou a segunda maior fornecedora de linha branca do país, atrás apenas da Whirpool (Brastemp e Consul).
Veículo: Valor Econômico